Brasil apresenta proposta contra perda econômica por pacto de Milei e Trump

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O Brasil quer blindar suas exportações para a Argentina, diante da possível aproximação comercial entre Javier Milei e Donald Trump. Nesta quarta-feira, as delegações dos países do Mercosul se reúnem em Buenos Aires, pressionadas pelo governo de Milei para rever as regras do bloco. O argentino, que preside o Mercosul até meados do ano, quer abrir espaço para poder negociar individualmente um acordo de livre comércio com Donald Trump.
Mas o Itamaraty não está disposto a ver um mercado crítico para o setor industrial local ser ocupado por produtos americanos, deslocando as exportações brasileiras.
Para fechar um acordo com os EUA, Milei precisa de um sinal verde para desfazer um dos princípios do Mercosul: o de que tratados com parceiros pelo mundo apenas poderiam ser estabelecidos com a participação de todos os membros do bloco.
Ao mundo, portanto, o Mercosul manteria as mesmas tarifas para produtos estrangeiros, garantindo assim a existência de uma união aduaneira.
Em abril de 2025, numa reunião de chanceleres do bloco na capital argentina, o Brasil optou por não criar um obstáculo e aceitou a ideia da flexibilizar as regras comerciais. O objetivo do Itamaraty foi a de dar uma sinalização política para Milei, que havia ameaçado até mesmo retirar a Argentina do bloco estratégico para o Brasil.
A negociação ainda ocorreu num momento de profundo mal-estar entre Milei e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ainda assim, pelo novo pacto, ficou estipulado que cada país poderia adicionar 50 produtos numa lista de exceções. Ou seja, 50 produtos não seguiriam a lógica de uma tarifa externa comum entre os parceiros do Mercosul.
Com isso, Milei poderia oferecer a Trump um acordo comercial envolvendo 50 produtos considerados como estratégicos para a relação bilateral.
Naquele momento, a declaração dos chanceleres afirmou que os governos "concordaram quanto à importância de enfrentar os desafios apresentados pelo atual contexto internacional".
"Nesse marco, concordaram com a necessidade de ampliar temporariamente a Lista Nacional de Exceções à Tarifa Externa Comum de cada Estado Parte para até 50 códigos tarifários", afirmava declaração conjunta do encontro.
A proposta do Brasil
Ficou estabelecido que, nos meses seguintes, um compromisso seria fechado em relação às listas de 50 produtos que cada país poderia incluir no regime de exceção.
Mas o Brasil vai propor dois princípios para tentar evitar perdas e ver o mercado ser ocupado pelos americanos.
O primeiro princípio seria o de evitar que, nos 50 produtos, uma parte significativa seja do mesmo setor. A ideia é a de evitar uma concentração em segmentos que poderiam ser estratégicos para os exportadores nacionais.
Um segundo princípio é de negociar com os argentinos para que as listas não afetem certas indústrias nacionais.
A negociação ocorre num momento em que o Brasil somou exportações de US$ 7,5 bilhões ao mercado argentino entre janeiro e maio de 2025.
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