Suspeito de matar democrata é detido e tinha clínicas de aborto como alvo
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O suspeito de ter matado uma parlamentar democrata e seu marido entre sexta-feira e sábado, Vance Boelter, foi finalmente detido em Minnesota, 43 horas após o crime. O assassinato político havia elevado ainda mais a tensão em um país que vive um profundo racha na sociedade e na classe política. Boelter possuía um caderno que mencionava cerca de 70 alvos potenciais, incluindo políticos, ativistas de direitos humanos e funcionários de clínicas que prestavam serviços de aborto para mulheres.
Boelter, de 57 anos, foi colocado sob a custódia policial no domingo, após uma busca que durou dois dias e mobilizou centenas de homens. Ele é o principal suspeito por matar deputada Melissa Hortman e seu marido, Mark, além de ferir o senador estadual John A. Hoffman e sua esposa. O senador, porém, sobreviveu.
A suspeita da polícia era que o atirador ainda planejava um ataque contra os manifestantes que, no sábado, foram às ruas para protestar contra Trump. Em seu estado, os atos foram cancelados.
A descoberta de seu carro foi crítica. No veículo foram encontrados uma pistola de 9 milímetros, três fuzis AK-47 e uma lista de funcionários públicos e seus endereços. Os promotores acusaram Boelter, que usava um uniforme falso de um policial, de assassinato em segundo grau.
O suspeito, que estava armado ao ser encontrado, foi capturado uma hora dos locais do crime e perto da casa onde morava com sua esposa e filhos.
A tese é que o suspeito agiu sozinho. A prisão ocorreu depois que um policial pensou ter visto Boelter correr para um bosque. A zona rural de Green Isle, em Minnesota, foi cercada. O tenente-coronel Jeremy Geiger, da Patrulha do Estado de Minnesota, disse que não houve uso de força na prisão e que a operação de busca foi a maior da história do estado. 20 equipes da SWAT agiram na busca.
Diante do anúncio da prisão do suspeito, a presidente da Câmara de Minnesota, Lisa Demuth, deixou evidenciado o alívio da classe política. "Sou grata por esse pesadelo ter chegado ao fim com a captura do suspeito para que ele possa ser acusado, processado e punido pelo horror que causou", disse.
As mortes e a descoberta de uma lista mais ampla de alvos levou as autoridades a ampliarem as medidas de proteção aos políticos locais.
Clínicas de aborto
O que surpreendeu os policiais é que a lista de potenciais alvos não se limitava aos políticos. A suspeita é de que o homem previa ataques contra provedores de aborto em Minnesota e centros de saúde.
"É inaceitável que as pessoas de nossa comunidade de obstetras e ginecologistas tenham que trabalhar e viver com medo como resultado da prestação de cuidados essenciais de saúde reprodutiva", disse a American College of Obstetricians and Gynecologists.
A entidade Planned Parenthood North Central States disse que estava trabalhando com a polícia local para aumentar as patrulhas em todas as suas instalações. "Nossas portas permanecerão abertas", disse Ruth Richardson, presidente e diretora executiva, em um comunicado.
Alerta ao governo Trump
Segundo Tim Waltz, governador do estado, mais de cem policiais atuaram na captura. Ele ainda explicou que foi uma das filhas da deputada que agiu de forma "heroica". Ela "salvou inúmeras vidas" ao ligar para a polícia, enquanto os pais eram mortos.
O governador, que foi o candidato a vice-presidente pela chapa de Kamala Harris, mandou um recado aos aliados e à base mais radical de Donald Trump. "Vemos a violência emergir em nosso país. Isso não pode ser a forma de lidar com nossas diferenças. Falem com seus vizinhos, não briguem. Deem as mãos", disse. Ele usou o momento para pedir que a "decência" volte à política. "O país precisa lidar com suas feridas", insistiu.
Enquanto isso, o senador estadual John A. Hoffman, baleado, está agora se recuperando.
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