Jamil Chade

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Trump entra na guerra e anuncia ataque contra instalações nucleares do Irã

Terminando a incerteza se os EUA entrariam ou não na guerra contra o Irã, o presidente americano Donald Trump anunciou neste sábado que autorizou e realizou ataques contra instalações nucleares mantidas pelo governo de Teerã. O ato marca uma escalada dramática na tensão no Oriente Médio e o temor entre diplomatas de que o conflito arraste outras potências regionais e mesmo globais.

A TV estatal iraniana sugeriu que uma retaliação será lançada, mostrando as diferentes bases americanas no Oriente Médio. Já a polícia de Nova York anunciou que estava aumentando o patrulhamento neste sábado em missões diplomáticas, diante da informação sobre eventuais ataques.

"Concluímos nosso ataque muito bem-sucedido às três instalações nucleares do Irã, incluindo Fordow, Natanz e Esfahan", escreveu o presidente americano nas redes sociais. Trump anunciou que fará um pronunciamento oficial à nação às 22h de Washington DC.

"Todos os aviões estão agora fora do espaço aéreo do Irã. Uma carga completa de BOMBAS foi lançada no local principal, Fordow. Todos os aviões estão a caminho de casa em segurança", disse.

"Parabéns aos nossos grandes guerreiros americanos. Não há outro exército no mundo que poderia ter feito isso. AGORA É A HORA DA PAZ! Obrigado por sua atenção a esse assunto", completou.

Minutos depois, ele voltou às redes sociais para anunciar: "Fordow acabou". Os ataques foram dirigidos contra algumas das bases mais protegidas do Irã.

"Este é um MOMENTO HISTÓRICO PARA OS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA, ISRAEL E O MUNDO. O IRÃ DEVE AGORA CONCORDAR EM ACABAR COM ESTA GUERRA. OBRIGADO!" escreveu Trump em uma postagem no Truth Social.

O governo americano indicou não eram esperados novos ataques, mesmo que haja um entendimento se que possa ocorrer uma retaliação por parte dos iranianos.

Morteza Heydari, porta-voz do Comitê de Emergência da Cidade de Qom, não confirmou a informação de Trump e indicou que apenas "partes da instalação nuclear de Fordo", perto de Qom, foram atingidos.

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De acordo com o jornal The New York Times, o governo explicou que várias bombas de bunker de 30,000 libras foram lançadas e que as avaliações iniciais de danos indicaram que a instalação havia sido "retirada da mesa".

Yoav Gallant, ex-ministro da Defesa de Israel, disse em uma publicação na mídia social que o presidente Trump havia tomado uma "decisão ousada para os Estados Unidos, para Israel e para toda a humanidade".

Ainda na sexta-feira, diante do Conselho de Segurança da ONU, o chefe da Agência Internacional de Energia Atômica, Rafael Grossi, afirmou que "os ataques a instalações nucleares na República Islâmica do Irã causaram uma forte degradação na segurança nuclear e na proteção no Irã". "Embora até o momento não tenham levado a uma liberação radiológica que afete o público, há um perigo de que isso ocorra", alertou.

Até agora, Trump vinha insistindo que atuaria apenas na defesa de Israel e havia dado duas semanas para tomar uma decisão de um envolvimento nos ataques. Seu anúncio, portanto, pegou diplomatas e grupos políticos de surpresa.

Os democratas imediatamente alertaram que Trump havia entrado em guerra sem a aprovação do Congresso americano.

A medida ainda promete causar polêmica dentro de seu próprio núcleo de apoio. Sua base insistia que havia eleito Trump para a Casa Branca para encerrar o envolvimento militar dos EUA no exterior, em especial no Oriente Médio.

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Mas a ala mais tradicional do partido republicano defendia que os EUA tivessem um papel ativo nos ataques já iniciados por Israel. Entre embaixadores estrangeiros na ONU, o temor é de que a guerra se amplie e que o Irã seja obrigado a responder, com ataques contra bases e alvos americanos.

Na semana passada, várias das embaixadas dos EUA na região foram esvaziadas ou tiveram seus funcionários reduzidos.

A declaração de Trump sinaliza, porém, que ele espera que os iranianos, agora, optem por sentar à mesa de negociação para fechar um acordo que envolveria o fim completo de seu programa nuclear. Governos europeus, árabes e a própria ONU imploraram a Trump para que não escalasse o conflito.

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