China e Rússia apresentam na ONU proposta de cessar-fogo no Irã
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Os governos da Rússia, China e Paquistão se uniram para circular hoje um projeto de resolução na ONU propondo um cessar-fogo "imediato e incondicional" diante do conflito entre Israel e Irã, que começou há 10 dias. Os ataques escalaram ontem com as bombas americanas sobre as instalações nucleares iranianas.
A informação foi obtida pelo UOL a partir de delegações que receberam o documento e que começam a examinar a ideia de Moscou e Pequim.
A iniciativa coloca pressão sobre os EUA, um dos membros permanentes do Conselho de Segurança e que tem o poder de vetar o texto. Diplomatas indicaram que, nas próximas horas e dias, o texto será alvo de uma intensa negociação.
Na sexta-feira, o presidente Donald Trump foi questionado se iria pressionar o governo de Israel por suspender os ataques. Mas descartou a opção. Um dia depois, ordenou os ataques americanos contra instalações nucleares do Irã.
Hoje, diante de uma solicitação do governo iraniano, uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU será realizada em Nova York e deve ser palco de acusações entre os principais envolvidos na escalada militar no Oriente Médio.
O texto proposto por russos e chineses não deve ser votado ainda, já que seu processo negociador acaba de ser lançado. Mesmo assim, a reunião medirá a temperatura das diferentes delegações.
Rússia se manifesta
A Rússia "condenou veementemente" os ataques dos EUA. "A decisão irresponsável de submeter o território de um Estado soberano a ataques com mísseis e bombas, independentemente dos argumentos utilizados, é uma violação grosseira do direito internacional, da Carta da ONU e das resoluções do Conselho de Segurança da ONU, que já classificaram inequivocamente tais ações como inaceitáveis", disse o governo de Vladimir Putin, em comunicado emitido hoje.
"É particularmente alarmante que os ataques tenham sido realizados por um país que é membro permanente do Conselho de Segurança da ONU", alertou.
"As consequências dessa ação, incluindo as radiológicas, ainda não foram avaliadas. Mas já é óbvio que uma escalada perigosa começou, repleta de mais danos à segurança regional e global. O risco de uma escalada do conflito no Oriente Médio, já envolvido em várias crises, aumentou significativamente", disse o Kremlin.
"É claro que o Conselho de Segurança da ONU também deve responder. É necessário rejeitar coletivamente as ações de confronto dos Estados Unidos e de Israel", apontou.
Racha entre países
Na semana passada, duas reuniões realizadas também por conta da operação militar de Israel contra iranianos revelaram um racha na comunidade internacional. Rússia e China denunciaram as violações cometidas contra a soberania iraniana, enquanto o governo dos EUA saiu em apoio aos atos de Benjamin Netanyahu.
Agora, numa carta enviada ao órgão máximo da entidade e obtida pelo UOL, o embaixador do Irã na ONU, Amir Saeid Iravani, criticou a ofensiva militar americana.
"A República Islâmica do Irã condena e denuncia nos termos mais fortes possíveis esses atos de agressão não provocados e premeditados", escreveu Iravani.
"Sem dúvida, a agressão militar dos Estados Unidos contra a soberania e a integridade territorial constitui uma violação manifesta e flagrante do direito internacional e das normas internacionais peremptórias consagradas na Carta das Nações Unidas", disse o diplomata.
Na carta, ele pediu ao Conselho de Segurança da ONU que convoque uma reunião de emergência imediata sobre as chamadas "ações selvagens e criminosas" dos EUA — e o encontro foi convocado.
"A República Islâmica do Irã solicita urgentemente que o Conselho de Segurança convoque uma reunião de emergência sem demora para tratar desse ato flagrante e ilegal de agressão, para condená-lo nos termos mais veementes possíveis e para tomar todas as medidas necessárias, de acordo com suas responsabilidades estabelecidas na Carta, para que o autor de tais crimes hediondos seja totalmente responsabilizado e não fique impune", escreveu Iravani.
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