Líder de direitos humanos na Câmara dos EUA ridiculariza bolsonarista

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Paulo Figueiredo, neto do último ditador brasileiro João Baptista Figueiredo, foi ironizado por um dos principais expoentes da defesa dos direitos humanos na Câmara dos Deputados dos EUA nesta terça-feira, em Washington.
O bolsonarista esteve numa audiência na Comissão de Direitos Humanos do Congresso americano, repetindo as mentiras sobre a existência de uma suposta ditadura no Brasil e chamando o ministro Alexandre de Moraes de "ditador de fato do Brasil". O neto do último general do regime militar pedia sanções contra autoridades brasileiras e atua, ao lado de Eduardo Bolsonaro, para convencer o governo de Donald Trump a agir contra o STF.
Se congressistas republicanos aliados ao movimento de extrema direita americana lhe dão atenção e se as chances são reais de que a Casa Branca opte por uma ofensiva contra o Brasil, a realidade foi bem diferente quando chegou a vez do deputado democrata Jim McGovern tomar a palavra, nesta terça-feira.
"Fico feliz que você (Figueiredo) se sinta seguro como jornalista nos EUA. Não tenho certeza se me sinta seguro como político nos EUA, mas essa é a realidade", disse o co-presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, arrancando risadas da sala e rebatendo uma fala do brasileiro que fazia supostas denúncias de repressão no Brasil.
Neste momento, o neto do ex-presidente brasileiro interrompeu o deputado e questionou se existia algum político americano preso.
"Um senador foi levado ao chão e algemado. E tivemos assassinatos políticos", rebateu o deputado, imediatamente.
McGovern se referia ao senador democrata Alex Padilla, da Califórnia. Na semana passada, ao tentar fazer uma pergunta para uma secretária do governo Trump, o senador foi algemado e jogado ao chão. O caso gerou uma onda de indignação na classe política americana.
Já o assassinato mencionado se referia à senador estadual de Minnesota, Melissa Hortman. O autor dos disparos tinha uma lista de alvos a serem atingidos e a polícia temia que ele também estivesse interessado em causar mortes entre os manifestantes contra Trump.
Figueiredo tentou ser irônico, convidando o deputado americano a ir ao Brasil "e tentar".
"Estou tentando salvar a nossa democracia", rebateu McGovern, encerrando o diálogo com o neto do ditador.
Quem é o deputado: contra tortura e contra Guantánamo
McGovern é considerado como uma das principais vozes dos direitos humanos no Congresso, tanto no país quanto no exterior. Em sua página oficial, ele insiste que os direitos humanos não são, e não devem ser tratados como, uma questão partidária.
Entre suas ações ao longo dos anos, ele defendeu programas sociais, de saúde e apoiou o fechamento do centro de detenção da Baía de Guantánamo. Ele também foi uma importante voz contra a tortura.
O congressista falou à Câmara dos Deputados sobre o fim da perseguição ao povo Rohingya, apoiou a assistência dos EUA ao governo nigeriano com o objetivo de encontrar quase 300 meninas sequestradas e defendeu os direitos humanos no Bahrein e na Colômbia. Outro foco prioritário do deputado é a defesa dos tibetanos.
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