Brasil se torna referência e ensina aos EUA como se lida com golpistas
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Em 6 de janeiro de 2021, o mundo assistiu estarrecido ao ataque ao Capitólio dos Estados Unidos, em que partidários do então presidente Donald Trump, por ele convocados, se reuniram em Washington para protestar contra o resultado da eleição presidencial de 2020, na qual o democrata Joe Biden saiu vencedor.
Embora Trump tenha sido indiciado criminalmente pelos esforços para interferir e anular sua derrota eleitoral, a demora e a falta de força política levaram à retirada das acusações em 2024. A "maior democracia do mundo", como se autointitulam, não só não puniu o mentor do crime, como também permitiu sua volta triunfal ao poder poucos anos depois. Uma volta, aliás, que fortaleceu os movimentos da extrema direita, que tem ganhado espaço internacional.
É verdade que a última vitória presidencial de Trump animou os, agora, réus aqui Brasil. Eles tinham a esperança de um possível efeito dominó. Até poucas semanas atrás, Bolsonaro e sua trupe de golpistas acreditavam em algum tipo de reviravolta, alguma ajuda divina ou do próprio Trump.
Mas ela não veio e é pouco provável que venha, mesmo que o filho 03, Eduardo Bolsonaro, tenha ido aos EUA mendigar qualquer tipo de apoio, como bom vira-lata que é.
O fato é que o STF agiu desde o início de modo diferente do Judiciário americano, dando o peso e a gravidade necessários aos atos golpistas.
A celeridade em julgar centenas de detratores do fatídico dia 8 de janeiro deu uma resposta importante, assim como a unanimidade de votos do STF aceitando as denúncias em sua integridade, para tornar réus todos os envolvidos na trama golpista.
A possível condenação de Jair Bolsonaro parece cada vez mais próxima.
Há uma comparação com o famoso julgamento de Nuremberg, um tribunal penal militar internacional que tinha por objetivo julgar os crimes de altos oficiais nazistas cometidos durante a Segunda Guerra Mundial.
A comparação é válida, não só pela tentativa de golpe, mas por todas as atrocidades cometidas durante a gestão de Bolsonaro, principalmente no descaso com a pandemia e o discurso antivacina.
No entanto, diferentemente de a "banalidade do mal", conceito criado pela filósofa Hannah Arendt, que escreveu e analisou o julgamento de Nuremberg - constatando, com assombro, que um dos autores de tamanha monstruosidade contra os judeus era um homem comum, um burocrata, um cidadão de bem e cumpridor de suas tarefas - Jair Bolsonaro, ao contrário, se utilizou do escárnio, da ironia, se tornando, sem qualquer pudor, um agente abertamente contra a democracia e sem qualquer apreço pela vida humana alheia.
Bolsonaro sabe que será preso. É apenas uma questão de dias. Sabe que a pena será dura, sem nenhuma chance de anistia ou qualquer tipo de anulação posterior, caso algum governo de extrema direita assuma a Presidência nas próximas eleições.
Portanto, está fadado ao esquecimento e abandono político. Um lugar reservado a todos que provocam tragédias humanas e que atentam contra a democracia.
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