Decisão da Suprema Corte dos EUA sobre livros pode afetar o Brasil
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Os Estados Unidos têm liderado ataques a livros de literatura nas escolas. A quantidade de obras banidas é assustadora e já ultrapassou a marca de 10 mil títulos desde 2021.
Na última semana, a Suprema Corte dos Estados Unidos tornou a perseguição ainda mais grave: a Corte decidiu que, a partir de agora, pais têm o direito de retirar seus filhos de aulas quando o material didático abordar livros com personagens LGBTQIA+.
A decisão foi formada por uma maioria conservadora no tribunal (6 a 3), que segue a ideologia trumpista de ataque às minorias. Em 25% dos títulos banidos há personagens LGBTQIA+. Grande parte dos livros censurados é de ficção e 67% têm jovens como público-alvo.
A Corte americana não levou em consideração a avaliação feita pelos distritos educacionais dos estados. A decisão apoia o argumento de grupos de pais religiosos que questionaram os conteúdos de histórias nos livros e que acreditam que personagens gays, por exemplo, podem interferir nos valores religiosos.
Nos últimos anos, temos visto ataques semelhantes nos Brasil, como o emblemático caso da Bienal do Livro, no Rio de Janeiro, em 2019, quando o então prefeito da cidade, Marcelo Crivella, determinou a retirada de exemplares do livro "Vingadores: A Cruzada das Crianças", da Marvel, que apresentava um beijo entre dois personagens masculinos.
A ideologia norte-americana de caça aos livros reverbera por aqui, não só por sua influência global, mas também porque há um crescente movimento conservador que tenta criminalizar livros como método para impedir que discussões importantes sejam feitas.
Impedir alunos de ter acesso a temas sensíveis é também impedir que ele possa exercer sua cidadania. Em uma realidade brasileira, cujos índices de leituras são baixíssimos, o estrago é ainda muito maior, pois ainda lutamos pela valorização do livro. Os dados do último censo sobre leitura no Brasil são desanimadores.
As pautas de costumes, que têm dominado o discurso da extrema direita, têm surtido efeito: cada vez mais encontramos dificuldades em formar leitores.
No entanto, ainda que haja uma política de censura, também temos encontrado resistência, principalmente entre professores e alunos, que sabem da importância da leitura e do quanto os livros são fundamentais em nossas vidas.
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