Joildo Santos

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Opinião

Discurso vs. prática: ESG e o desafio da transformação social

Nos últimos anos, termos como ESG, responsabilidade social e impacto social ganharam força no meio corporativo. É cada vez mais comum ver empresas criando diretorias, departamentos e lançando campanhas de marketing focadas em sustentabilidade. Mas, quando o assunto é efetivar a transformação social, será que o que se diz corresponde ao que se faz?

Atualmente, a sustentabilidade é um dos grandes motores de inovação nas organizações. A criação de áreas específicas para gerir políticas ESG mostra o compromisso das empresas com o futuro - e, convenhamos, com a imagem também. Expor o que está sendo feito é fundamental para gerar confiança e visibilidade, afinal, o público e os investidores querem ver resultados concretos. No entanto, muitas vezes a divulgação se torna o carro-chefe, consumindo um orçamento que, em alguns casos, supera os recursos destinados às ações de impacto direto.

Não é raro encontrarmos cenários em que o investimento em campanhas de marketing e publicidade acaba por ofuscar a implementação das iniciativas propriamente ditas. O resultado é uma espécie de jogo de aparências, onde o brilho do discurso tenta mascarar a pouca profundidade das práticas. Mostrar que se faz algo é importante, mas quando a verba destinada à comunicação se torna maior que a dos projetos em si, a promessa de transformação social perde força e credibilidade.

Para fomentar o desenvolvimento social, criativo e econômico, apostar no talento local é uma estratégia essencial. Incentivar a qualificação profissional e contratar moradores das próprias comunidades pode gerar oportunidades transformadoras. Contudo, quando existem profissionais qualificados e, mesmo assim, a preferência é por mão de obra mais barata - com remuneração abaixo do que se observa nas agências e produtoras tradicionais - fica evidente uma disparidade entre o que se promete e o que se entrega. Essa prática demonstra que o compromisso com o desenvolvimento local nem sempre é tão genuíno quanto o discurso sugere.

É fundamental que as empresas saiam do campo da retórica e direcionem esforços para ações que realmente causem impacto. Aproveitar as oportunidades para fazer diferente significa investir de forma equilibrada, onde a divulgação seja apenas um complemento à efetiva transformação social. O foco deve ser direcionado para práticas que promovam mudança efetiva, contribuindo para a melhoria das condições de vida e o fortalecimento das comunidades.

Em resumo, a evolução dos conceitos ESG e de responsabilidade social precisa caminhar lado a lado com ações práticas e efetivas. Afinal, a credibilidade e o impacto positivo só se concretizam quando o discurso se traduz em resultados reais. O que se fala precisa ser o que se vive - e é nesse equilíbrio que reside a verdadeira transformação.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.