Do morro para o multiverso, o universo geek e as favelas
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Quando a gente fala de favela, ainda tem quem enxergue só carência. Mas a realidade é outra: a favela é potência criativa, tecnológica e cultural. E quando o assunto é universo geek, aquele que abraça games, HQs, animes, filmes, séries, tecnologia e tudo o que move o imaginário de gerações, as quebradas não ficam de fora, pelo contrário, estão cada vez mais no centro da conversa, produzindo, consumindo e moldando tendências.
A PerifaCon, por exemplo, surgiu exatamente pra isso: mostrar que nerd também é preto, periférico e cria. Um evento 100% organizado na quebrada, com entrada gratuita e protagonismo local. Lá tem painel sobre representatividade, batalhas de MCs, lançamentos de quadrinhos feitos por artistas da favela e, claro, muito cosplay com criatividade de sobra.
Outro exemplo é o LollaPerifa, que nasceu como uma provocação à exclusividade do Lollapalooza e virou um símbolo de resistência e acesso à cultura pop nas margens. Shows, debates, batalhas e arte misturada com afeto, tudo isso com o pé no chão da comunidade.
Mas o que isso tudo quer dizer?
Quer dizer que o entretenimento geek não tem CEP nem classe social. O menino que joga Free Fire no celular quebrado tem o mesmo brilho no olho de quem zera no PlayStation 5. A menina que desenha mangá no caderno da escola tá pronta pra ser descoberta por uma editora. E mais: o que vem da favela tem verdade, tem identidade, tem poder de engajamento. E isso tem valor de mercado, sim.
Para as marcas, empresas de mídia, streamings e TVs: olhem com mais atenção para essa cena. Não como público-alvo no sentido tradicional, mas como ecossistema produtor de tendências. E quando se faz comunicação com respeito à cultura local, o resultado é conexão real, e retorno para todos.
As favelas não são apenas consumidoras de conteúdo. São criadoras de universos inteiros. E se o geek vive de imaginar mundos possíveis, ninguém entende melhor de possibilidade do que quem aprende a sonhar em meio à falta. A favela cria até no caos.
Por isso, o convite que eu deixo é esse: se conecte com essa potência. Colabore. Invista. Participe. Porque o futuro do entretenimento também mora na favela, e ele já começou.
O que não se sabe, a FavelaCria.
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