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José Luiz Portella

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Pesquisa: existem 52% de indecisos e foco ainda não é a eleição

 Quaest - Divulgação
Quaest Imagem: Divulgação

Colunista do UOL

13/01/2022 16h06

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A pesquisa Genial/Quest de janeiro de 2022 mostrou algo que talvez tenha passado despercebido ou pouco divulgado:

Na pergunta que responde à intenção de voto espontânea para Presidente, 52% se declararam indecisos. Lula tem 27%, Bolsonaro 16%, 35 Branco/nulo/Não pretende votar, Moro e Ciro 1% cada.

Na resposta espontânea temos com mais certeza, os votos que estão consolidados. Não obrigatoriamente, mas com boa probabilidade e esses votos mudam só se o candidato cometer erro grave ou aparecer opção surpreendente. Normalmente, nos concentramos mais na estimulada.

Considerando que o eleitorado, no momento, está em grande parte sem o foco nas eleições, por conta do covid, da influenza, da grave situação financeira, do desemprego, isso significa que há chances significativas de mudanças. Chance não quer dizer que ocorrerá, mas que pode acontecer. E a possibilidade não é desprezível.

O eleitorado, em 2022, deve começar a responder com foco nas eleições a partir de julho, embora esse movimento seja paulatino entre Janeiro e Julho.

Diante das circunstâncias, fim de abril, com as desincompatibilizações já feitas, e as filiações partidárias já definidas, que acontecerão no início do mês, mais um tempo para isso se sedimentar, fim de abril, as pesquisas vão iniciar uma fotografia mais condizente com a realidade eleitoral de Outubro. Melhor em junho, quando as alianças partidárias devem estar decisivamente fechadas e todos os candidatos já em movimento mais concentrado no pleito, para tirarmos conclusões mais seguras.

Nesse jogo de alianças, de partidos que ainda não definiram candidatos, e podem ter capilaridade eleitoral, há muito jogo pela frente.

Lula agora é o favorito, todavia ainda não sofreu o bombardeio que virá, e ainda não fechou as alianças regionais, que podem fragilizá-lo ou não. O PT raramente abre espaço para os outros. Pode conflagrar.

A conclusão é que há muita oferta, muitos votos não definidos, que podem tomar outros rumos do que os atuais. Faltam candidatos que comovam.

Neste ponto, Lula está sentando na cadeira um tanto antes, salto alto, pelo que suas atitudes demonstram.

E, pode perceber tarde, se um movimento eleitoral adverso o pegar com o relaxamento do "já ganhou".

Os 52% indecisos não chamaram muito a atenção.

Tudo indicava que Lula já possuía mais. E que Bolsonaro tinha parado de sangrar. Está com 16% de votos espontâneos e passa só para 23% na estimulada.

Está perdendo votos, e continua com a atitude que leva a tal perda. Ou seja, pode perder um pouco mais. Todo mundo crê que Bolsonaro já atingiu seu piso, mas ele segue caindo vagarosamente, mas se esvaindo.

Brasileiros, somos imediatistas e açodados, queremos prever, desde já, o resultado da eleição, sobretudo, porque a terceira via não parece. É verdade. Mas, pode aparecer.

Conclusão: estamos longe da resolução desse imbróglio e se Lula bobear, e o vento virar, será complicado para ele segurar o movimento que virá. Tendência, quando começa a virar, é difícil reverter.

Por enquanto, Bolsonaro e a dureza de boa parte do mercado consolidam votos para Lula, mas são votos de equilíbrio instável. Hoje estão com ele. Fazendo o jogo dele, mesmo sendo adversários, porque são insensíveis e sem empatia com o sofrimento das pessoas, e Lula aparece sempre como alguém que pode abrigar os mais pobres. Bolsonaro e mercado não lhes dão esperanças.

Ciro, se não fosse Ciro, seria um nome. Moro, terá que explicar muitas coisas complicadas, entre elas, sua falta de consistência/experiência para governar e ter maioria no Congresso.

Mas, para a insatisfação dos mais ansiosos, a brecha existe, falta quem a ocupe. O Imponderável de Almeida, de Nelson Rodrigues, sempre espreita essas ocasiões.