Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
A questão dos moradores de rua pode ser resolvida em 4 anos em SP
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Basta ser humano.
São Paulo, cidade, tem dinheiro, tem mais do que o suficiente, os mecanismos já existem, o Prefeito aponta para almejar isto, temos grandes lideranças reais que trbalham no dia a dia, envolvidas na questão, e que conhecem o problema, nada nos falta para resolver.
Apenas o desafio maior da administração pública, que é a implementação.
Que se ampara em dois pilares impeditivos:
A burocracia dos processos.
E, a falha humana. Sustentada pela vaidade, sobretudo, e pela inveja, ciúme, desejo de Poder. Temperados pela disputa política no sentido da apropriação do Poder e no domínio do homem sobre o homem.
Isso é muito mais complexo do que se pensa e o maior obstáculo para a melhoria de vida das pessoas. Acima de tudo, dos mais vulneráveis.
Há muita conversa, digressão, toque de lado, e pouco gol. Muita preocupação com si mesmo e menos com o problema propriamente dito.
Reitero, a cidade de São Paulo, se quiser, resolve a questão em 4 anos, no máximo, se lograr vencer tais obstáculos.
Não é uma batalha fácil.
Os fantasmas se escondem atrás de lençóis enganosos, como reserva de domínio, sensibilidade pelo sucesso de outro, e outros problemas que a população acostumou a ser induzida por demagogos de plantão, a culpar apenas os políticos, que têm a respectiva culpa, sem dúvida, mas não são os únicos.
Muita gente lucra com isso.
São Paulo precisa enfrentar vários desafios e problemas, não são poucos, porém a questão mais importante hoje é a humanitária, algo que se transforma em piegas, se descrito. Falta vínculo afetivo.
Não há preocupação em enaltecermos e plasmarmos o afeto como algo que significativamente brasileiro. Jogamos fora nossa maior distinção no mundo.
Falta incentivo para as pessoas ajudarem as outras e desenvolverem o sentimento mais buscado e mais desgastado: o amor. Tem muita demagogia e pouco trabalho concreto, disciplinado, permanente.
São Paulo é uma cidade que pode dar exemplo para o Brasil na resolução da chaga grave de assistirmos tanta gente na rua, desconsolada e vivendo uma vida indigna, que a frequência do cenário, vai tornando este impacto horrível do povo da rua, se tornar um mal aceitável e que pareça inexorável. Não é.
São Paulo pode mudar este conceito conformista.
Como?
Além das medidas de políticas públicas, lutar contra a máquina da burocracia, que devem ser implantadas, precisamos lutar contra nosso comportamento que produz isso.
Doações são escassas e não sistêmicas, aparecem em momentos de crise e desaparecem e há um preconceito insano, quando o povo da rua tem os mesmos defeitos e virtudes que nós, fora da rua, temos. São seres humanos absolutamente iguais a nós, só mais vulneráveis, e geralmente sem vínculo afetivo.
Sim, o que está aí não é um simples erro do Estado, é um resultado suscitado por todos nós, pela interação de todos nós, caso contrário não se sucederia. Nada acontece por acaso, ou por erro só do Estado. Essa é uma mentira que os liberais contam para nós. Quem faz a sociedade somos nós todos reunidos.
As pessoas da rua precisam além de um estímulo, que passa por uma Renda Universal Básica, mas não só, e também por afeto real e amor. Convivência, acolhimento afetivo. Socialização.
Tem gente perigosa, que rouba? Tem. Assim como há empresários de empreiteiras que roubam, há gente perigosa em toda a sociedade. Por que só cobrar do pessoal de rua?
Não adianta só ficar chocado e lamentar em casa. Ter 15 segundos de inconformismo. É necessário ser consistente e perene.
É preciso mobilização, inclusive para empurrar a máquina pública, que é lerda, porque assim é nossa cultura. Não é uma falha de Estado, é uma falha nossa como sociedade desde 1500.
As pessoas, como diz o padre Lancellotti, precisam de convivência, viver junto com alguém, não serem tratadas como algo inumano,
Precisam de coisas simples como um cartão de transporte com passagem de ida e volta para quando recebem oferta de emprego em outro canto da cidade e não podem se deslocar.
Uma central para chamadas, um 157, porque o 156 é burocrático e a pessoa em estado de desespero fica esperando por muito tempo e 3 horas depois vence a chamada.
Precisam de atenção, como qualquer pessoa, reconhecimento, sinalização que são relevantes e oportunidades.
É uma população heterogênea, como a sociedade inteira, não há uma solução única para todos, e o maior obstáculo é o preconceito.
O preconceito principal é dizer, que moradores em situação de rua não querem trabalhar, e desejam se acomodar com uma Renda Básica. Não é verdade.
Há de tudo.
Temos cerca de 35 mil pessoas em situação de rua, dez mil, pelo menos, querem muito trabalhar e progredir. Vamos proporcionar isso a elas. Há vagas em programas do estado e do município.
Tem drogados e viciados em álcool, como a alta sociedade exibe, que precisam de tratamento.
Tem mães solo que precisam de atenção especial.
Existem milhares que gostariam de voltar às suas cidades ou famílias. Há famílias dispostas a adotar moradores em situação de rua, e concomitantemente um programa na Prefeitura que concede R$ 1.200/mês para a família que o fizer, com o compromisso de tratar a pessoa como humano e não como escravo, e não colocá-lo de volta na rua.
Há muito mais. Há programas suficientes na Prefeitura de São Paulo, somando-se aos programas estaduais e federais, onde há vagas de trabalho, os problemas são solúveis.
Basta querer. Tem dinheiro suficiente. Tem desejo do Prefeito.
Em 4 anos, as pessoas NÃO sabem disso, podemos ter o sofrimento de praticamente 100% dos moradores de rua extinto.
Seria a maior obra que São Paulo faria.
E, pode fazer. Tenham a certeza.
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