Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Sob engessamento verbal, Lula perde identidade e prato fica mais insípido
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Visando a conter os danos colaterais causados pelas manifestações anteriores, engessaram Lula, em discurso lido, politicamente correto.
Ele perdeu a originalidade emotiva, o que levou o ato a ficar morno e sem vibração. Lula foi censurado pelo marketing e aceitou às rédeas impostas com a docilidade de um candidato amestrado. Perdeu a graça do "stand-up", talvez, tenha conservado votos.
Chuchu cometeu dois movimentos na sua fala: justificou a adesão, depois de chamar Lula de ladrão, e prometeu fidelidade extrema na alegria e tristeza, na saúde e na doença; a evidenciar que o PT tem receio de traição semelhante a que atribui a Michel Temer. Alckmin quis ser épico e jocoso simultaneamente. Não conseguiu.
Lula, que chamou outro dia Bolsonaro de Zé Ninguém, num arroubo descabido, fez a maior parte do discurso centrado em Bolsonaro e não elucidou como vai tirar o país da barbárie, além de intenções genéricas e previsíveis. Não trouxe algo inovador ou criativo, fez um discurso lido, chato, que não é de seu estilo, onde se perdeu várias vezes na leitura do texto, que parece não ter passado a limpo antes.
O ato não mostrou nenhum compromisso consistente com uma plataforma mais de centro, antagonizando com o papel que espera de Alckmin. Este, procura ser mais "vermelho" do que era, numa tentativa equivocada de aceitação.
Alckmin foi trazido, supostamente, para fornecer mais moderação à chapa. Se continuar a toada, acaba bolchevique com viés stalinista. Descaracterizou-se.
Lula "não perdeu o pelo", apesar do controle verbal, e explicitou certas demagogias como "vamos sair, falar e ouvir o povo brasileiro", para dar a impressão que o plano de governo, já pronto, fosse brotar de tais conversas.
Além de praticamente pronto por cerca de 84 economistas da Fundação Perseu Abramo, Lula fará sempre aquilo que o conservará no Poder, sob a justificativa da conciliação.
Janja disse que Lula lhe confessou que nunca mais iria fazer campanha com tanta emoção como a do "Lula, lá". Está certo, porque naquela, havia uma franqueza que não existe mais.
Bolsonaro continua a ser o melhor adversário, porque perpetra barbaridades incontáveis. Basta ser contra ele.
Mas, sobrou aos que o repelem, e são remetidos ao voto em Lula, para conter o pior, um sabor amargo de olhar no ato, o PT de sempre, a carona dos partidos menores com vontade de viajar ao poder, praticamente inócuos eleitoralmente com rara exceção. O presidente do PSB retirou a solenidade emprestada ao ato pelos marqueteiros, com uma jaqueta cor de vinho, esportiva, se não me engano da Adidas, com as 3 listras.
Gleisi, algumas vezes, não conteve o tédio e ameaçou bocejar, o conteve com o movimento repressivo da musculatura facial.
Em suma, não houve brilho, não se fez apelo ao voto de centro não-bolsonarista, foi mais um "nóis com nóis", em que Jilmar Tatto apareceu ao fundo, sem roupa de grife.
Lula retirou elegantemente Dilma da possibilidade de ministério, fez um elogio fatal a acalmarou os "assustados com Dilma e as pedaladas". De passagem, insinuou o mesmo sobre Zé Dirceu, sem especificação.
Em nossa sólida hipocrisia nativa, acalentada pelo STF e TSE, lançaram a candidatura com o prefixo "pré", uma forma de enganar a nós mesmos. Estão todos em campanha, fingindo não fazer campanha.
Para os não engajados na liça, restou um gosto de Cazuza:
"Não me convidaram, pra esta festa pobre, que os homens armaram, pra me convencer".
Com todo respeito.
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