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José Roberto de Toledo

REPORTAGEM

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Aluno 'desmaiando de fome' é prioridade do time de transição

Colunista do UOL

07/11/2022 15h51

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"Tem aluno desmaiando de fome na sala de aula". Mais do que nomes de ministros e secretários, cerca de 40 especialistas em educação discutem uma agenda de emergência a ser adotada pelo governo eleito nos primeiros dias de mandato. Nada mais emergencial do que a merenda escolar. Foi o que Geraldo Alckmin pediu aos especialistas que priorizem em suas discussões. Eles concordaram.

Contexto. Em setembro, Bolsonaro vetou reajuste de 34% do orçamento para a merenda. Manteve congelado os mesmos R$ 0,36 por aluno do ensino fundamental e médio que o governo federal repassa há cinco anos para estados e municípios. O argumento? "Contraria o interesse público".

E daí? "As crianças estão sofrendo", conta a presidente-executiva do Todos Pela Educação, Priscila Cruz, que também relatou os desmaios em sala de aula. "Vi crianças andando catatônicas pelo pátio das escolas. Vi (isso) no interior de Alagoas, Bahia, Ceará, São Paulo".

  • Crianças desnutridas aprendem menos
  • Falta de refeições quentes na merenda aumenta a evasão escolar

Cruz é uma das convidadas por Alckmin para apoiar a transição para o novo governo. O primeiro encontro será realizado nesta terça-feira em um hotel paulistano, sob coordenação de Fernando Haddad, com ajuda de Henrique Paim, outro ex-ministro da Educação.

Embora comandada por petistas, a reunião terá cara de frente ampla. Estão convidados representantes de algumas das principais ONGs ligadas à educação financiadas por doações privadas:

  • Neca Setúbal (Fundação Tide Setúbal)
  • Priscila Cruz (Todos Pela Educação)
  • Denis Mizne (Fundação Lemann)
  • Ricardo Henriques (Instituto Unibanco)

Merenda é emergencial, mas não é a única prioridade a ser discutida pelos especialistas convidados a ajudar na transição. "Vamos precisar reconstruir a Federação e a República", resume Cruz.

Entre as prioridades em discussão estão:

  • Envolver governadores e prefeitos em um esforço coletivo para recuperar alunos que não foram alfabetizados adequadamente durante a pandemia
  • Recompor o orçamento da educação básica (o valor previsto por Bolsonaro para 2023 é 34% menor do que o recebido por ele quando assumiu em 2019)
  • Orientar as emendas parlamentares ao orçamento para que atendam as prioridades emergenciais do novo governo

Visão da floresta. As prioridades, por ora, são traçar políticas públicas que devem ser implementadas de cara pelo governo Lula. O nome da pessoa responsável por implementá-las é discutido em outro fórum.

Haddad não demonstra interesse em voltar a ser ministro da Educação, especialmente em conjuntura difícil, com orçamento menor do que quando ocupou o cargo. Só um apelo de Lula poderia convencê-lo.

Outro nome em consideração é o da governadora do Ceará, Izolda Cela (PDT). Como secretária da Educação, foi a principal responsável pela implementação de políticas que transformaram a educação pública cearense em vitrine eleitoral para os irmãos Ferreira Gomes. Ela teria sido candidata à reeleição com apoio do PT, se não tivesse sido vetada por Ciro.