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Reportagem

Parecer da AGU sobre exploração de petróleo não tira decisão final do Ibama

Em entrevista ao programa Análise da Notícia, a analista da WWF Brasil, Daniela Jerez, afirmou que o parecer da AGU (Advocacia-Geral da União) que abre caminho para a exploração de petróleo na foz do Amazonas não tira do Ibama o poder de ter a decisão final sobre o assunto.

Na prática, não muda muita coisa. Porque no fim, apesar de ter um parecer da AGU, a palavra final é do Ibama. É uma decisão técnica, e o único órgão no Brasil que tem capacidade para decidir por uma licença ambiental federal é o Ibama.
Daniela Jerez, analista da WWF Brasil

Estudos apresentados tinham fragilidades. O Ibama indeferiu a licença para exploração de petróleo na foz do Amazonas pelo fato de o estudo entregue conter diversas fragilidades técnicas.

O parecer da AGU apontou que a avaliação ambiental de área sedimentar, que não constava no estudo, não é obrigatória. De fato não é, mas o motivo do indeferimento pelo Ibama foram diversas outras fragilidades técnicas.

Ibama já indeferiu licenças em 2018. Em 2018, o Ibama já havia indeferido pedidos de licenciamento para outros cinco blocos na foz do Amazonas e, na justificativa, trouxe a questão da falta de avaliação ambiental para área sedimentar como um elemento que dificulta a avaliação de seus técnicos.

Essa avaliação é um instrumento de planejamento que poderia contribuir com informações técnicas acerca do licenciamento e seria capaz de classificar as bacias sedimentares como aptas, não aptas e sem conhecimento suficiente para exploração de petróleo.

O parecer do Ibama não muda muito [a situação] porque ele é um parecer jurídico e a decisão é técnica.
Daniela Jerez, analista da WWF Brasil

Prospecção de petróleo já é uma atividade que apresenta riscos. A fase de prospecção de petróleo, antes da exploração propriamente dita, já apresenta riscos ambientais. E por isso existe a necessidade de um licenciamento ambiental.

Ainda na fase de prospecção para a perfuração de um poço exploratório, há impactos na rota das embarcações que vão se deslocar até o local de perfuração e atravessar áreas de pesca, impactando a atividade pesqueira, além de as aeronaves que sobrevoam o local impactarem as terras indígenas e as luzes e ruídos dos equipamentos impactarem a vida marinha.

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Riscos em caso de acidentes. Caso aconteça um acidente com vazamento de óleo, esse óleo poderá atingir manguezais e corais. Além disso, pela área em questão estar em uma região fronteiriça, há chances de um eventual vazamento de óleo atingir também o território da Guiana Francesa.

Petrobrás apresentou recurso. Após o Ibama indeferir o licenciamento, a Petrobras apresentou um recurso que será analisado pelo órgão, mas uma eventual aprovação depende da área técnica concluir que a empresa atende os requisitos.

A palavra final é do Ibama e é técnica e, em um cenário de crise climática, é importante olhar para a transição energética ao invés de decidir explorar petróleo em regiões fronteiriças.

Risco deve ser mitigado. Também em em entrevista ao Análise da Notícia, o ex-presidente do IBP (Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás), Eberaldo de Almeida Neto, afirmou que toda atividade econômica, incluindo a exploração de petróleo, apresenta algum risco.

Para ele, a exploração deve acontecer, mas os riscos devem ser mitigados. Eberaldo também afirmou que grandes empresas como a Petrobrás possuem tecnologia suficiente para mitigar os riscos.

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O Análise da Notícia vai ao ar às terças, quartas e quintas, às 19h.

Onde assistir: Ao vivo na home UOL, UOL no YouTube e Facebook do UOL.

Veja a íntegra do programa:

Reportagem

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