Tarcísio precisa mudar política e pessoas na segurança, avalia especialista
Em meio à crise de violência policial em São Paulo, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) precisa mudar a sua política e pessoas na área da segurança, opinou Marcos Fuchs, diretor da ONG Conectas Direitos Humanos, no Análise da Notícia, do Canal UOL, nesta terça-feira (10).
Acho que o Tarcísio não pode ser refém de ninguém. Ele tem que prestar o serviço de governador à população. A partir do momento em que ele tem um secretário de Segurança Pública [Guilherme Derrite, indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro] que não está funcionando, Tarcísio precisa substituir. Ele vai ter que rever essas amarras políticas.
Esse papo, 'não estou nem aí', 'policial bom é aquele que mata', 'eu no meu currículo tenho 15', isso não está pegando mais.
Marcos Fuchs, diretor da ONG Conectas Direitos Humanos
Tarcísio tem sido pressionado a demitir Guilherme Derrite, diante do número crescente de denúncias de violência policial e letalidade no estado de São Paulo. O governador, no entanto, descartou essa possibilidade ao ser questionado por jornalistas. "Olhe os números. Você vai ver que está [fazendo um bom trabalho]", disse ele, sem explicar quais números seriam esses.
Você empodera muito o mau policial a ter uma licença [para matar], a fazer o que quer. Houve um descontrole, você teve aí uma questão grave em [números de] morte. Então, acho que aí o governador falou: 'Opa, espera, temos que repensar isso, cometemos um equívoco ao dizer da não importância das câmeras'.
Marcos Fuchs, diretor da ONG Conectas Direitos Humanos
Mudança de opinião em meio a escalada de violência
Assim como o secretário, o governador de São Paulo também era contrário ao uso das câmeras. Durante a campanha eleitoral de 2022, Tarcísio chegou a dizer que retiraria o equipamento do uniforme dos policiais. Depois, recuou e foi pressionado pelo STF (Supremo Tribunal Federal), que pediu explicações sobre o seu uso.
Agora, após a escalada de violência cometida por agentes militares, o político disse que "tinha uma visão equivocada" e entende que as câmeras são "instrumento de proteção da sociedade e do policial".
Casos de brutalidade denunciados
Dois casos ganharam repercussão apenas nas últimas semanas: no início de novembro, Gabriel Renan da Silva Soares, sobrinho do rapper Eduardo Taddeo, foi morto por um policial militar que estava de folga em frente ao mercado Oxxo, no Jardim Prudência, zona sul da capital paulista. Já no dia 4 de dezembro, outro agente foi gravado em vídeo arremessando um homem de uma ponte em uma abordagem, em Diadema, na Grande São Paulo. Neste caso, a vítima sobreviveu.
A PM matou 474 pessoas durante ações policiais no estado de São Paulo, entre janeiro e setembro deste ano, segundo dados contabilizados pela própria Secretaria de Segurança. A maioria dos alvos (64%) é formada por pessoas negras (255 pardos e 51 pretos). Ainda há 143 vítimas identificadas como brancas, enquanto as outras 25 pessoas não tiveram a cor da pele registrada.
O levantamento feito pelo UOL mostra ainda que 99% das vítimas são homens, como o estudante Marco Aurélio Cardenas Acosta. A capital paulista lidera a lista de mortos com 122 casos, seguida de Santos, com 36, e São Vicente, 29.
Veja abaixo o programa na íntegra:
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