Brasil sai da COP 25 com verbo, mas sem verba
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Resultou em fiasco a COP 25, conferência sobre mudanças climáticas da ONU, encerrada no domingo (16) em Madri. Tratado como um dos vilões do encontro, o Brasil acionou o bumbo. "Não deu em nada", ralhou o ministro Ricardo Salles, do Meio Ambiente, num vídeo gravado na capital espanhola. "É apenas jogo comercial", ecoou Jair Bolsonaro, em Brasília.
Empurrou-se para o final de 2020 o principal objetivo do encontro, que era a regulamentação do chamado mercado de carbono. Trata-se de um mecanismo que permitirá a países que lançam menos carbono na atmosfera vender créditos de CO2 às nações mais poluentes. Na prática, os poluidores ricos compram uma espécie de licença para poluir.
Para funcionar, os vendedores de carbono teriam de reduzir a emissão de gases poluentes na proporção direta do dinheiro recebido, de modo a compensar a ação dos poluidores. Mas o Brasil deseja receber dos países ricos algo como R$ 10 bilhões anuais sem modificar as metas climáticas negociadas no acordo de Paris. O que resultaria numa dupla contagem que desvirtuaria o cumprimento das metas.
"Protecionismo e hipocrisia andaram de mãos dadas o tempo todo", disse Ricardo Salles. Nas palavras do ministro, os países ricos "exigem medidas e apontam o dedo para o resto do mundo, sem cerimônia, mas na hora de colocar a mão no bolso, eles não querem." Irônico, Bolsonaro perguntou: "Houve uma resolução para reflorestar a Europa ou eles estão apenas incomodando o Brasil?"
Operando sem bumbo, a delegação da Colômbia celebrou em Madri um acordo para receber da Noruega, da Alemanha e do Reino Unido doações ambientais para potencializar o resultado que vem obtendo na preservação do seu pedaço de floresta amazônica. Coisa de US$ 366 milhões. Ou R$ 1,5 bilhão.
Não se trata de empréstimo, mas de doação ao governo colombiano. É algo muito parecido com o Fundo Amazônia, que rendia bilhões em doações ao Brasil antes de ser desmontado por Ricardo Salles, sob aplausos de Bolsonaro. Língua em riste, o Brasil saiu da COP 25 com muito verbo, mas sem nenhuma verba.
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