Bolsonaro é incapaz de oferecer exemplo de ética
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De um bom presidente espera-se que aproveite o cargo privilegiado que ocupa para irradiar bons exemplos ao país. No campo da ética, Jair Bolsonaro ainda não foi capaz de de inspirar bons exemplos. Mas o presidente tornou-se um fabuloso aviso. No final de semana, pronunciou mais uma frase que soa como aviso macabro. Referindo-se às investigações abertas contra os filhos Flávio e Carlos Bolsonaro, declarou que, se tivesse poder, "teria anulado, cancelado" os processos.
Numa República, como se sabe, todos são iguais perante a lei. Diz o latim: Dura lex, sed lex —a lei é dura, mas é lei. Bolsonaro preferiria "dura lex, sed látex —a lei é dura, mas estica sempre que for necessário livrar os filhos de encrencas. O cinismo de Bolsonaro explica a desfaçatez com que ele esvaziou o Coaf, o descaramento com que ameaçou intervir na PF e na Receita e a tranquilidade com que atropelou Sergio Moro na sanção do juiz de garantias.
Quando a luz se acende, o presidente se dá conta de que não pode tudo. Esconde as armas e o baralho. Faz cara de inocente, assobiando frases desconexas sobre o desejo de anular investigações hipoteticamente armadas pelo governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel. Como se o Ministério Publico estivesse nas mãos do governador.
Na campanha, Bolsonaro era o cavaleiro da ética. Após receber a faixa de presidente, propôs em discurso a criação de um "movimento para restabelecer padrões éticos e morais" que transformariam o país". Disse que ficariam no passado "a corrupção, os privilégios, as vantagens e os favores". O que mais espanta não é o presidente admitir agora que gostaria de colocar os podres familiares sob o tapete. O que assusta de verdade é a suposição de que o Brasil é um país de bobos.
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