Bolsonaro soa como se quisesse frear privatizações
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Numa entrevista recente, o secretário de Desestatização do Ministério da Economia, Salim Mattar, afirmou que o programa de privatizações do governo será acelerado. Voltou a acenar com a venda de 120 estatais, podendo chegar a 300 se forem incluídas a Eletrobras e suas subsidiárias. A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos é uma dessas estatais cuja necessidade de privatizar é incontroversa. Porém...
Ao declarar diante das câmeras que não pode assegurar que os Correios serão vendidos até o final do seu mandato, Jair Bolsonaro transforma os compromissos de Salim Mattar numa nova versão de conversa fiada. Ao mencionar a preocupação com dezenas de servidores que, na prática, já experimentam os efeitos da ruína dos Correios, Bolsonaro exibe uma recaída corporativa que tinge de cinza, uma vez mais, a carta branca que concedera ao ministro Paulo Guedes.
Ao atribuir à lupa do Tribunal de Contas da União a dificuldade para transferir o programa de privatizações do gogó para a prática, Bolsonaro recorre a uma desculpa esfarrapada para vestir o seu desinteresse pela transferência à iniciativa privada de atividades nas quais o Estado não deveria se meter.
No primeiro ano do governo Bolsonaro, o programa de privatizações foi bem mais tímido do que o catecismo liberal de Paulo Guedes fazia supor. Avançaram apenas os chamados desinvestimentos —venda de ativos de estatais como a Petrobras— e as concessões, sobretudo na área da infraestrutura. Coisas que foram programadas durante o governo de Michel Temer.
Esperava-se que, em 2020, Bolsonaro renovasse o mostruário, arrancando do Congresso, por exemplo, autorização para vender a Eletrobras. Mas o presidente parece mais propenso a fechar a vitrine.
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