Trump conturbou um cenário que parecia controlar
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O funeral do general do Irã Qassem Soleimani foi esticado na proporção direta do desejo do regime de Teerã de injetar dramaticidade numa cena já impregnada de tensão. O tumulto que resultou na morte de dezenas de pessoas potencializa a atmosfera que se desejou criar para legitimar, por assim dizer, o enredo de vingança que inclui 13 alternativas de retaliação.
Nesse contexto, fica cada vez mais difícil entender a lógica que levou Donald Trump a ordenar a execução do comandante da Guarda Revolucionária do Irã. Há uma semana, Trump parecia controlar todas as variáveis à sua volta.
Ele fazia piada de um pedido de impeachment que o Senado americano se prepara para enviar ao arquivo. Contabilizava a ruína do Irã, às voltas com uma queda do PIB na casa dos 8%, como evidência do êxito das sanções econômicas ordenadas pela Casa Branca. Mantinha em pé o compromisso eleitoral de reduzir a presença militar americana no Oriente Médio. E degustava indicadores de uma economia doméstica cuja pujança dava à sua reeleição uma aparência de jogo jogado.
Hoje, Trump encara outra realidade. A sociedade iraniana, que se dividia entre os que ruminavam a insatisfação em casa e os que exibiam a irritação em protestos de rua contra o governo, unificou-se ao redor do caixão do general Soleimani numa fúria antiamericana.
Contra esse pano de fundo, Trump ofereceu material para os seus críticos. E passou a conviver com o risco de uma guerra que, se deflagrada, terá potencial para colocar em risco uma reeleição que muitos já davam como favas contadas. É difícil chamar a ação militar ordenada por Trump de outro nome que não seja erro. Ou pior: burrice.
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