BNDES agora tem uma caixa-preta dentro da outra
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O BNDES tornou-se uma instituição mágica. Nos governos do PT, especializou-se em tirar gambás de dentro da cartola, concedendo empréstimos camaradas a empresas e ditaduras companheiras. Em campanha, Jair Bolsonaro prometera abrir a caixa-preta do bancão na primeira semana de governo. No alvorecer do segundo ano de mandato, o capitão se esforça para entender um truque novo: enfiaram uma caixa-preta dentro da outra.
Indicado pelo ministro Paulo Guedes (Economia), Joaquim Levy foi destronado do comando do BNDES porque ousou dizer que a caixa-preta era uma ficção. Agora, Bolsonaro leva à berlinda o "garoto" Gustavo Montezano. Acha que há "coisa muito esquisita" numa auditoria externa que cobrou R$ 48 milhões para concluir que Levy estava certo. Mistério supremo: a investigação da caixa-preta virou, ela própria, uma segunda caixa-preta.
Montezano tentou sair de fininho, alegando que a auditoria era uma herança do governo de Michel Temer. Meia verdade. Descobriu-se que a nova gestão aprovou aditivos contratuais —um deles assinado pelo "garoto" de Bolsonaro. "Parece que alguém quis raspar o tacho", declarou o capitão, estimulando a suspeita de que, no BNDES, todos os gastos são pardos.
O "garoto" Montezano programou uma entrevista coletiva para esta quarta-feira (29/01). Não deve ser a última, pois sua missão, por inglória, ainda consumirá muita saliva. Antes, tinha a missão de fazer aparecer uma caixa-preta invisível, retirando gatos gordos de dentro dela. Agora, precisa explicar que não é fácil capturar gato preto numa sala escura, especialmente quando não há gato no recinto.
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