Brasília exala um cheiro de Quarta-Feira de Cinzas
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Às vésperas do Carnaval, o governo leva à avenida um desfile muito confuso. O enredo do PIB exuberante, anunciado no final do ano passado, parece destoar da realidade. O Planalto desfila com as fantasias do Exército. O presidente, puxador do samba, introduz na letra cacos e improvisos que destoam do refrão das reformas: defesa de miliciano, ofensas a jornalistas, embate com governadores. E o general Augusto Heleno, que deveria zelar pela harmonia da escola, invade a comissão de frente disparando a esmo contra a ala do Congresso. Tudo isso e mais um foco de incêndio no carro alegórico do Posto Ipiranga.
O general Augusto Heleno, chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência, responsável pelo serviço de inteligência e espionagem do governo, foi grampeado por uma live que transmitia uma cerimônia oficial pelas redes sociais do presidente. Virou protagonista de uma típica Operação Tabajara. Soou em cena aberta acusando o Congresso de chantagista e insinuando com um palavrão que Bolsonaro deveria resistir e mandar os parlamentares praticarem a autofornicação.
A revolta do general envenenou uma negociação que vinha sendo conduzida pelo também general Luiz Eduardo Ramos, coordenador político do Planalto. Envolve uma disputa pelo Orçamento da União para 2020. Os parlamentares querem gerir, por meio de emendas impositivas, R$ 30 bilhões de um total de investimentos que roça os R$ 80 bilhões. O general Ramos negociava uma cifra menor. Algo como R$ 20 bilhões. Com as balas perdidas do general Heleno, essa negociação foi empurrada para depois do Carnaval.
Simultaneamente, Bolsonaro age para conter um princípio de incêndio no "Posto Ipiranga". O ministro mais importante do governo emite sinais de enfado. Paulo Guedes reclama das pancadas que recebeu na imprensa por conta dos seus comentários sobre os "parasitas" do serviço público e as domésticas que voam para a Disney. Queixa-se também das gavetas do Planalto, que vinham retendo a proposta de reforma administrativa. O cheiro de queimado fez Bolsonaro agir. O presidente defendeu o ministro em público, disse que ele fica até o final. E coloca a reforma para andar. Antes mesmo do início do carnaval, Brasília respira uma atmosfera de Quarta-feira de cinzas.
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