Crescem a impaciência e o mau humor de Bolsonaro
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Na era do coronavírus o mundo foi contagiado pela percepção de que a única certeza disponível é que nada pode ser mais equivocado do que ter certeza. Entretanto, duas coisas tornaram-se sólidas e indubitáveis em meio às incertezas: a impaciência e o mau humor de Jair Bolsonaro com ministros e assessores cresce na proporção direta do aumento dos casos de infecção.
Os modos rústicos e a ignição automática fazem parte do DNA do capitão. Mas aguçaram-se nos últimos dias os seus maus bofes. Irrita-se com facilidade. A expressão carrancuda e os palavrões tornam as audiências temíveis. Nelas, ouvem-se com frequência cobranças e broncas —algumas homéricas.
Perto dos nomes feios que Bolsonaro dedica em privado a rivais como João Doria, os títulos de "lunático" e "exterminador de empregos" são expressões de convento. Nesta segunda-feira, um auxiliar do ministro Paulo Guedes também frequentou os lábios do presidente ao lado de expressões de calão rasteiro.
Chama-se Bruno Bianco. Ele responde pela Secretaria de Previdência e Emprego da pasta da Economia. Suas digitais estão impressas na medida provisória que autorizou empresários a suspender contratos de trabalho sem pagar salários. Regiamente remunerado, Bolsonaro assinou a peça sem ler na noite de domingo.
Na segunda-feira, após passar horas apanhando nas redes sociais, no Congresso e no noticiário, Bolsonaro mandou Paulo Guedes retirar a MP da vitrine para conserto. Antes, dedicou cobras e lagartos a Bianco.
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