Mandetta corre risco de tornar-se um ex-Mandetta
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Jair Bolsonaro lidava com duas crises. Uma sanitária e outra econômica. Conseguiu produzir uma terceira: a crise política. Além de exibir em rede nacional um pronunciamento que vai na contramão do mundo, de bater boca com o governador paulista João Doria numa teleconferência e de perder aliados como o governador goiano Ronaldo Caiado, Bolsonaro conduziu Henrique Mandetta até uma encruzilhada.
O presidente impôs ao ministro da Saúde uma escolha delicada. Ou Mandetta opta pela insubordinação, ignorando as posições do presidente, ou escolhe o caminho da desmoralização.
Não há meio termo, porque Bolsonaro defendeu em rede de rádio e de TV o oposto do que vinha recomendando o ministro. Ele sustentou que é preciso "voltar à normalidade", com a reabertura das escolas e do comércio. Absteve-se de definir normalidade.
Mandetta, ao contrário, já deixou claro que a anormalidade ainda nem começou. "Em final de abril", previu o ministro, "nosso sistema [de saúde] entra em colapso".
O que é colapso? O ministro esclareceu: "É quando você pode ter o dinheiro, o plano de saúde, a ordem judicial, mas simplesmente não há o sistema para você entrar."
Esse Bolsonaro que conspira contra Mandetta é bem diferente daquele candidato que, na campanha de 2018, prometera prestigiar a técnica em detrimento da política nos ministérios. O Bolsonaro que está no Planalto é indigno do Bolsonaro que se apresentou aos eleitores.
O ministro da Saúde vai permanecendo no cargo. Promove ajustes em seu discurso, encostando perigosamente a ciência na política. Mandetta corre o risco de se transformar num ex-Mandetta.
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