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Josias de Souza

Carluxo vê Mourão como candidato ao trono

Arte BOL: Sergio Lima/AFP e Taís Vilela/UOL
Imagem: Arte BOL: Sergio Lima/AFP e Taís Vilela/UOL

Colunista do UOL

04/04/2020 04h01

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Primeiro vereador federal da história, Carlos Bolsonaro dedica-se em tempo integral à tarefa de criar as assombrações que assustam o seu pai. Chama-se Hamilton Mourão o penúltimo fantasma criado pelo filho Zero Dois de Jair Bolsonaro.

Sob influência de Carluxo, o presidente sente a cadeira bamba. Confere amiúde a posição dos parafusos. Declara-se convencido de que gente graúda o espreita, à espera de um "tropeção" que sirva de pretexto para o impeachment.

Foi nesse contexto que Carluxo transformou Mourão em assombração. Ele pendurou nas redes sociais uma interrogação: "O que leva o vice-presidente da República a se reunir com o maior opositor SOCIALISTA do governo?..."

O Zero Dois se referia ao governador do Maranhão, Flávio Dino, do PCdoB, que conversara com Mourão na quinta-feira. Nada a ver, entretanto, com o hipotético interesse de Mourão pelo trono.

A conversa da qual Flávio Dino participou foi por videoconferência. Falaram sobre preservação da Amazônia. Participaram outros governadores da região. Mourão estava rodeado de assessores.

Num ambiente assim, é mais fácil organizar uma roda de samba do que um conciliábulo golpista.

O sangue de Carluxo ferveu por duas razões:

1) O filho de Bolsonaro achou que o SOCIALISTA reunira-se a sós com Mourão.

2) Carluxo abespinhou-se com uma frase borrifada nas redes sociais pelo governador maranhense. "Claro que Mourão não é do meu campo ideológico. Mas, se Bolsonaro entregar o governo para ele, o Brasil chegará em 2022 em melhores condições."

Flávio Dino avalia que a animosidade do clã Bolsonaro melhora sua biografia: "Dois títulos que carregarei honrosamente por toda a minha vida: o 'pior' governador de 'paraíba', segundo Bolsonaro; o maior opositor SOCIALISTA do governo Bolsonaro, segundo um dos filhos que chefiam o governo dele.

Quanto a Mourão, todo esforço que fizer para demonstrar sua lealdade a Bolsonaro será inútil. Quando um presidente definha, o vice ascende por gravidade.