Bolsonaro carboniza a si mesmo em 'churrasco fake'
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Exausto de não exercer a Presidência para a qual foi eleito por 57,7 milhões de eleitores, Jair Bolsonaro decidiu ocupar o tempo ocioso treinando para uma nova carreira. Aventura-se no ramo do humor. Faltando-lhe o talento, virou piada. De mau gosto.
Em meio a uma pandemia que já produziu algo como 10 mil cadáveres —noves fora a subnotificação— o antipresidente da República anunciou para este sábado a realização de um churrasco para 30 convidados no Alvorada. Pegou mal.
Bolsonaro saiu de fininho. Correu para a bolha das redes sociais, seu habitat natural. "Alguns jornalistas idiotas criticaram o churrasco fake...", anotou. Curioso, muito curioso, curiosíssimo.
O suposto presidente sapateia sobre o luto nacional e acredita que os jornalistas é que são idiotas! Bolsonaro ainda não percebeu, mas os brasileiros que se dão ao respeito já não o levam a sério.
Pesquisa Datafolha divulgada em dezembro de 2019 revelou o seguinte: a grossa maioria do eleitorado (80%) ouve Bolsonaro com a pulga atrás da orelha— 43% nunca confiam naquilo que o presidente declara, 37% confiam só de vez em quando. Apenas uma minoria (19%) confia 100% em Bolsonaro.
Não é que o churrasco seja falso, o problema é que o próprio Bolsonaro converteu-se num presidente fake.
O presidente hipotético acha que personifica a nova política, se orgulha de defender a volta à normalidade e cultua um versículo do Evangelho de João: "Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará".
O presidente real promove uma orgia com o centrão no escurinho do Planalto, ignora a anormalidade do vírus assassino e escancara a única verdade disponível no governo: não importa a quantidade de cadáveres, Bolsonaro não consegue libertar-se de sua mediocridade.
Quando um governo precário se prolonga por muito tempo, o humor adquire vida própria. Deixa de ser coisa exclusiva dos profissionais do ramo. E se torna negro. Com seu "churrasco fake", Bolsonaro carbonizou a si mesmo. Virou piada de mau gosto. Gosto de carvão.
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