Inquérito sobre fake news deixa Bolsonaro 'colérico'
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As visitas da Polícia Federal a endereços de bolsonaristas tiraram Jair Bolsonaro do sério. Na expressão de um auxiliar, "o presidente ficou colérico" com as batidas de busca e apreensão realizadas por policiais federais no âmbito do inquérito sobre fake news, relatado no Supremo Tribunal Federal pelo ministro Alexandre de Moraes. Para Bolsonaro, Moraes move-se para atingir "o meu governo e filho meu": Carlos Bolsonaro, o Carluxo.
Chefe de uma organização familiar, Bolsonaro comporta-se como presidente de uma filhocracia. Já responde a inquérito no Supremo Tribunal Federal sob a suspeita de intervir politicamente na PF para evitar "sacanagens" contra familiares e amigos.
Agora, Bolsonaro ameaça peitar a Suprema Corte em reação à investida de Moraes contra parlamentares, ativistas e empresários bolsonaristas. Escora-se no fato de que o inquérito possui legalidade duvidosa. Foi aberto pelo presidente da Corte, Dias Toffoli, sem a participação do Ministério Público, braço acusador do Estado.
Implacável, a conjuntura ofereceu a Bolsonaro um ensinamento: quem com PF deseja ferir, com PF será ferido. O esforço do presidente para faturar politicamente com ações policiais expôs precariedade intelectual, truculência política e inabilidade funcional.
Bolsonaro revelou-se precário porque a mesma PF que o Superior Tribunal de Justiça colocou nos calcanhares do seu rival Wilson Witzel estoura, por determinação do Supremo Tribunal Federal, o esquema bolsonarista nas redes sociais.
A truculência do presidente revelou-se na ligeireza com que ele anunciou, nesta quarta-feira, que "vai ter mais" ações da PF. Foi como se desejasse sinalizar para governadores rivais que há uma nova Polícia Federal na praça, submetida aos desejos do presidente.
Bolsonaro mostrou-se um gestor inábil porque compromete a imagem respeitosa de órgão de Estado que a PF solidificara na Lava Jato. Até o Supremo passou a suspeitar. Preventivamente, Moraes proibiu a PF de modificar a equipe que toca o inquérito que roça no chamado "gabinete do ódio" do bolsonarismo.
O mais inusitado é que Bolsonaro e os filhos produzem sozinhos as crises que drenam as atenções do governo. Dispensam o auxílio da oposição. E dão de ombros para a evidência de que a prioridade nacional é a crise do coronavírus.
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