Topo

Josias de Souza

Eleitor pobre livra Bolsonaro de fiasco em pesquisa

EDU ANDRADE/FATOPRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Imagem: EDU ANDRADE/FATOPRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Colunista do UOL

29/05/2020 01h33

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

A mais recente pesquisa do Datafolha indica que Jair Bolsonaro não leva o seu governo para a direita. Leva-o para baixo. Seu prestígio só não despencou porque está escorado num pedaço do eleitorado que passou a apreciá-lo depois que começou a receber o vale-vírus de R$ 600.

Bolsonaro foi eleito em 2018 com 39% dos votos de 147 milhões de brasileiros que estavam aptos a votar. Hoje, é aprovado por 33% do eleitorado. Ou seja, ele encolheu na Presidência. Poderia ter caído mais, não fosse por um detalhe.

O Datafolha mostra que, dos 33% que apoiam Bolsonaro, 22% são bolsonaristas empedernidos. Outros 11% são eleitores pobres que não votaram nele, mas foram seduzidos pelo socorro financeiro da pandemia.

Sem esse movimento detectado no eleitorado que tem dificuldade para encher a geladeira, Bolsonaro estaria em apuros, porque sua taxa de reprovação saltou de 38% no mês passado para 43% agora —é a pior marca desde a posse.

Esses números ajudam a explicar por que Bolsonaro passou a namorar a ideia de prolongar para além de três meses o pagamento do auxílio emergencial. Ou criar outro benefício social para a fase pós-vírus.

O movimento de Bolsonaro injeta pragmatismo eleitoral na agenda liberal da equipe econômica. Vem aí uma crise com potencial para jogar o desemprego nas nuvens. O eleitor sem renda é pragmático. Cessando o benefício, minguará o encantamento.