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Josias de Souza

Weintraub dá à promoção um conteúdo de fuga

Reprodução/Facebook
Imagem: Reprodução/Facebook

Colunista do UOL

19/06/2020 18h32

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Abraham Weintraub exibiu nos 14 meses em que comandou o Ministério da Educação um comportamento inadequado. Fez uma opção preferencial pelo insulto num instante em que deveria dialogar para colocar planos de governo em pé. Quando se imaginava que sairia de fininho para o exílio dourado de uma diretoria do Banco Mundial, Weintraub comporta-se como Weintraub. Fala quando deveria calar. Conseguiu dar à sua migração funcional um conteúdo de fuga.

Certas pessoas não perdem a oportunidade de perder oportunidades. Weintraub anotou no Twitter um aviso: "Estou saindo do Brasil o mais rápido possível (poucos dias)." Em declarações à CNN, foi ainda mais explícito: "A prioridade total é que eu saia do Brasil o quanto antes", afirmou. "Agora, é evitar que me prendam, cadeião, e me matem."

Considerando-se que o ex-ministro responde a inquérito no Supremo Tribunal Federal, fica bastante evidente que a indicação para a diretoria do Banco Mundial, em Washington, não se deve ao currículo de Weintraub, mas à intenção de obstruir o trabalho da Justiça. A coreografia é constrangedora.

Weintraub foi indicado para um posto no qual vai atuar no conselho de administração do Banco Mundial como representante do Brasil e de outros oito países. É triste que Bolsonaro submeta a sociedade brasileira e os parceiros internacionais ao dissabor de acomodar numa poltrona tão relevante alguém que se assume como um fugitivo.

O constrangimento aumenta quando se verifica que o fujão trocará um salário de R$ 30,9 mil por um contracheque quase quatro vezes maior: R$ 115 mil por mês. Nunca ninguém foi tão bem remunerado para fugir da realidade.