Danos ao meio ambiente afetam ambiente inteiro
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Ao participar da reunião virtual da cúpula do Mercosul, Bolsonaro tratou o acordo de livre comércio celebrado pelo bloco com a União Europeia como favas contadas. Aconselhou os parceiros a se prepararem para sacramentar a negociação ainda neste segundo semestre de 2020. O otimismo não orna com a realidade.
Se Bolsonaro tivesse que relacionar os feitos obtidos no primeiro ano e meio de sua Presidência, o acordo do Mercosul com a União Europeia teria lugar de destaque na lista. A coisa vinha sendo negociada havia 20 anos. A negociação foi levada à marca do pênalti na gestão de Michel Temer. Mas coube a Bolsonaro marcar o gol.
O problema é que a partida continuou. Para virar realidade, o acordo precisa ser referendado pelos parlamentos dos países signatários. Há uma série de pré-condições, entre elas exigências ambientais. E o governo brasileiro especializou-se em fazer gols contra na área do Meio Ambiente.
O Brasil oferece munição para os adversários do acordo, sobretudo os agricultores europeus, que têm pavor da concorrência com o agronegócio brasileiro. Vários países já levaram o pé atrás.
Bolsonaro disse na reunião que o governo "vai desfazer opiniões distorcidas sobre o Brasil", demonstrando que protege a Amazônia e zela pelo bem-estar das populações indígenas. O desmatamento cresceu. E há no Congresso uma medida provisória chamada de MP da grilagem. Os maiores fundos de investimento do mundo, que administram uma carteira de US$ 4 trilhões, enviaram carta às embaixadas brasileiras ameaçando retirar o Brasil da rota dos investidores se não houver uma mudança na política ambiental.
Discute-se internamente no governo a substituição do ministro Ricardo Salles, mais identificado com a destruição do que com a proteção ambiental. Qualquer coleção de frases de Bolsonaro sobre meio ambiente revela que o problema não está no ministro. Ele apenas põe em prática o que o chefe manda. Mas Bolsonaro revelou sua opinião sobre o papel dos auxiliares quando comparou, no ano passado, seus ministros a fusíveis.
Bolsonaro disse: "Para evitar queimar o presidente, eles se queimam." O pedaço militar do Planalto tenta mostrar a Bolsonaro que Ricardo Salles é um fusível queimado, que precisa ser trocado. Sob pena de transferir os problemas do meio ambiente para o ambiente inteiro, incluindo a economia.
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