PSDB torna ruína de Serra um suicídio partidário
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O PSDB transforma o derretimento moral de tucanos como José Serra e Aécio Neves num suicídio partidário. Para uma legenda que já ocupou o Planalto e tem pretensões de entrar novamente no jogo, o convívio com a degradação estimula o eleitor a buscar um distanciamento eleitoral.
A denúncia da Lava Jato contra José Serra veio bem e chegou tarde. A eloquência das provas reunidas no processo intimava o Ministério Público a agir. Há uma fortuna em propinas, com depósitos na Suíça. A demora se deve mais à ineficiência cúmplice do Supremo Tribunal Federal do que à lerdeza dos procuradores de São Paulo. Delatado por executivos da Odebrecht, Serra permaneceu a maior parte do tempo protegido atrás do escudo do foro privilegiado do Supremo.
Na época em que a polarização política no Brasil oferecia petistas e tucanos como opções ao eleitorado, o PSDB dizia que o PT protegia corruptos e o PT respondia que protetor de corruptos era o PSDB. O tempo mostrou que os dois lados estavam certos. Durante muito tempo, a Lava Jato foi apontada como uma operação seletiva, que punia a roubalheira petista e poupava a turma do bico grande. Essa fama é injusta.
Políticos que caíram na grelha da primeira instância foram parar na cadeia. A lista é suprapartidária e inclui gente graúda como Lula, Eduardo Cunha e Sergio Cabral. Em casos como o de Serra, a ex-procuradora-geral da República Raquel Dodge teve de ralar para obter no Supremo o envio de processos para a primeira instância.
Hoje, a chance de Serra ser preso é virtualmente inexistente. Primeiro porque acabou a prisão após condenação na segunda instância. Segundo porque a demora leva à prescrição dos crimes. O crime de corrupção já prescreveu. Resta a lavagem de dinheiro. O PSDB imagina que pode sair ileso dessa encrenca. É algo tão improvável como manter o perfume depois de abraçar um gambá.
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