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Josias de Souza

Governo compensa ineficiência com publicidade

Canaltech
Imagem: Canaltech

Colunista do UOL

06/07/2020 03h00

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O governo quer melhorar sua imagem —dentro e fora do país. Cogita turbinar as verbas publicitárias. A Secretaria de Comunicação pede um tônico de R$ 325 milhões, cifra bem superior aos R$ 138,1 milhões previstos no orçamento de 2020.

Grande ideia! Se os sábios da marquetagem tiverem verbas gigantescas e fizerem uma campanha criativa chamando inépcia de eficiência, muita gente vai acabar acreditando, embora o resultado continue sendo a ineficácia.

Até a pandemia foi evocada como pretexto para a liberação da verba extra. Alega-se que é preciso cumprir a "missão de promover a comunicação do governo com a sociedade e ampliar o acesso às informações de interesse público."

A atuação do Ministério da Saúde na crise do coronavírus chegou a ser aprovada por mais de 70% dos brasileiros. Ruiu porque Bolsonaro livrou-se de dois ministros médicos, promovendo na pasta algo muito parecido com uma intervenção militar.

Dias atrás, em reunião virtual da cúpula do Mercosul, Bolsonaro declarou que o Brasil agirá para reverter "opiniões distorcidas" que arranharam no exterior a imagem do Brasil na área ambiental.

Nesse setor, a imagem do país já foi muito ruim. Ficou bem pior depois que o ministro antiambiental Ricardo Salles instou o governo a aproveitar a pandemia para "passar a boiada" por cima dos regulamentos fiscalizatórios.

Segundo Bolsonaro, o governo mostrará que protege a floresta Amazônica e zela pelo bem-estar das populações indígenas. Longe do gogó, crescem índices de desmatamento e as aldeias são invadidas por garimpeiros e pelo vírus.

Os administradores dos tambores do governo ainda não notaram. Mas o único lugar onde a imagem vem antes do trabalho é no dicionário. Na conjuntura atual, governo que torra verba pública para trombetear o irrealizado comporta-se como uma galinha que cacareja antes de botar os ovos.