Surto:corrupção de ontem, de hoje e de amanhã
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
Desde a chegada da pandemia ao Brasil, a corrupção tem servido como assunto alternativo de conversa. Evita que o coronavírus monopolize as atenções. Quando se está numa reunião e alguém fala em corrupção, é inútil mudar de assunto. Pode-se, no máximo, mudar de escândalo. No momento, há nas manchetes escândalos do passado, do presente e do futuro.
Em São Paulo, o tucano Geraldo Alckmin foi denunciado sob acusação de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e caixa dois. Coisas de 2010 e 2014. Faz companhia nas manchetes ao correligionário José Serra, investigado por um caixa dois de 2014 e por lavagem de dinheiro de 2006 e 2007.
A dupla tucana disputa com espaço no noticiário o petista Agnello Queiroz, investigado em Brasília por suspeita de recebimento de propina em 2014, quando governava o Distrito Federal. Em batida policial realizada nesta quinta-feira, a polícia encontrou o equivalente a R$ 250 mil em dinheiro vivo no endereço de uma das investigadas no inquérito. Havia cédulas de real e de dólar guardadas numa mala..
No Rio de Janeiro, foram presas cinco pessoas ligadas a uma organização social da área da saúde, Iabas, que frequenta o noticiário político-policial há uma década. Nesse período, desviou recursos na antiga gestão de Eduardo Paes e na atual administração de Marcelo Crivella. Como se fosse pouco, responde por malversação de verbas da pandemia em negócios firmados com o governo de Wilson Witzel, sob ameaça de impeachment.
Num instante em que os políticos se assombram com as escavações que o Ministério Público e a polícia fazem no passado, os cidadãos lamentam o presente e receiam o futuro. Não conseguem responder a um conjunto de perguntas singelas:
As denúncias vem para o bem ou para o mal? O acúmulo de casos de corrupção significa que o país afunda cada vez mais em seus insanáveis vícios? Ou, ao contrário, o fato de a roubalheira ser descoberta é sinal de evolução? Ora as pessoas acreditam numa coisa, ora noutra.
Quando a dúvida parecia ser o maior problema, Jair Bolsonaro oferece um motivo para a certeza de que as piores hipóteses sempre prevalecem. O presidente decidiu casar-se com o centrão, aglomerado partidário no qual não há inocentes, apenas investigados, denunciados, culpados e cúmplices.
Não há políticas públicas sobre a mesa. Alega-se que Bolsonaro precisa obter governabilidade. Esse vocábulo empolado, extraído da ciência política, ganhou no Brasil um sentido gangsterístico. Governabilidade virou um outro nome para safadeza e gandaia. Houve um tempo em que o futuro era feliz e radioso. Mas não é de hoje que, no Brasil, já não se faz futuro como antigamente.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.