Piti de Guedes produz coreografia da enganação
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A cúpula da República resolveu dançar a coreografia da enganação —uma encenação para o mercado ver. Jair Bolsonaro diz que quer a responsabilidade fiscal, as privatizações e a reforma administrativa. Paulo Guedes finge que acredita. E os presidentes da Câmara e do Senado, Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre, posam para a foto ao lado dos dançarinos.
O mais desagradável dessa cenografia é que os promotores do baile se julgam no direito de dizer qualquer coisa. Partem do pressuposto de que a plateia deve acreditar neles.
Se Bolsonaro quisesse ser levado a sério, bastaria executar dois passos. Num, o presidente tiraria da gaveta o projeto de reforma administrativa, enviando-o para o Congresso. Noutro, condicionaria o seu acordo com o centrão à obtenção dos votos necessários para a aprovação no Legislativo de uma agenda de reformas. Entre elas a privatização de gigantes estatais como a Eletrobras e a regulamentação dos chamados gatilhos do teto.
A proposta dos gatilhos já está no Senado. Prevê que o facão será acionado quando o gasto público roçar o teto. Significa dizer, por exemplo, que os salários e a jornada de servidores federais seriam passados na lâmina em até 25%; os reajustes, promoções e concursos seriam proibidos. Sem esse tipo de providência, o teto de gastos é apenas uma ficção esperando na fila para ser desmontada.
Menos de 24 horas depois da encenação do Alvorada, Bolsonaro posou para novas fotos, dessa vez ao lado do ministro Rogério Marinho, chamado por Guedes de "fura-teto", na inauguração de uma obra no Pará. Em Brasília, Rodrigo Maia injetou numa entrevista um par de declarações sintomáticas.
O presidente da Câmara disse: 1) Bolsonaro precisa ser convencido a enviar ao Congresso a reforma administrativa. 2) A saída de mais alguns assessores de Paulo Guedes faria bem ao Ministério da Economia.
Quem quiser que acredite que está tudo normal em Brasília. Mas é preciso levar em consideração o seguinte: uma ilusão, mesmo quando compartilhada por muita gente, não se torna realidade.
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