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Josias de Souza

Governador do RJ merece diálogo ou interrogatório?

Colunista do UOL

03/09/2020 20h45

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A ruína política de Wilson Witzel, potencializada pela confirmação do seu afastamento do cargo de governador pela Corte Especial do STJ, empurra para Brasília a decomposição financeira do Rio de Janeiro. Enquanto Witzel aguarda pelo instante em que a Assembleia Legislativa passará o seu mandato na lâmina, o governador interino Cláudio Castro já opera como titular efetivo do cargo. Ele vira a página do governo fluminense, só que para trás.

De joelhos, Cláudio Castro negocia em Brasília a prorrogação de um mimo chamado Regime de Recuperação Fiscal. Serve para manter estados falidos nos respiradores do Tesouro Nacional, permitindo que deixem de pagar suas dívidas. Esse programa foi criado há três anos. O Rio foi o único estado que conseguiu entrar na UTI da União. Rio Grande do Sul foi barrado. Minas Gerais obteve a suspensão dos pagamentos na Justiça. Graças à pandemia, o Congresso aprovou a suspensão dos pagamentos das dívidas de todos os estados com a União até o início do ano que vem.

O acordo do Rio com a União vence neste sábado. Se não for renovado, o estado terá de desembolsar todo o atrasado —coisa de R$ 50 bilhões—, mais as parcelas mensais de R$ 2,8 bilhões. Isso empurraria o Rio do caos para o pântano. O problema é que, mesmo estando na UTI, o Rio conseguiu elevar sua dívida. E deixou de cumprir compromissos assumidos. Entre eles a privatização da Cedae, a companhia estadual de água e esgoto.

Para complicar, Cláudio Castro está sob investigação no mesmo escândalo que levou ao afastamento de Wilson Witzel. A pergunta que deve ser feita é a seguinte: o governador seminovo do Rio precisa se entender com o Ministério da Economia ou com a Polícia Federal? Ele merece diálogo ou interrogatório?

O juiz Marcelo Bretas, responsável pela Lava Jato no Rio, costuma dizer que a falência do estado inclui um "custo-corrupção". É preciso saber até quando a roubalheira dos governadores fluminenses —dos que já passaram pela cadeia e dos que ainda vão passar— será espetada no bolso do contribuinte de outros Estados. Todo brasileiro ama o Rio. Mas ninguém suporta a ideia de ser feito de idiota.