Lava Jato, Sistema S e o gogó de Paulo Guedes
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A nova fase da Lava Jato no Rio de Janeiro devolve ao noticiário dois flagelos velhos: o peleguismo patronal, abrigado no Sistema S, e a advocacia de fachada. O Sistema S retira seu sustento de mordidas nas folhas de pagamento das empresas. A força-tarefa carioca sustenta que um pedaço dessa caixa registradora, administrado pela Federação do Comércio do Rio, foi desviado para montar esquema de blindagem judicial do então presidente da entidade, o empresário Orlando Diniz. Pilhado, Diniz virou delator.
Foram à alça de mira dos procuradores mais de duas dezenas de advogados, alguns vinculados a nomões da política. Entre eles Roberto Teixeira e Cristiano Zanin, defensores de Lula; Ana Tereza Basílio, advogada de Wilson Witzel; e Frederick Wasseff, ex-advogado da família Bolsonaro. O caso envolve também o doutor Eduardo Filipe Alves Martins, filho do recém-empossado presidente do Superior Tribunal de Justiça, ministro Humberto Martins. Alega-se que é perseguição política, uma tentativa de criminalizar a advocacia. Se for, está muito fácil de resolver.
A Lava Jato sustenta que, juntos, os doutores receberam indevidamente R$ 151 milhões. A transferência de quantias milionárias para advogados não está entre as atribuições do Sistema S. Alem disso, não haveria comprovação dos serviços prestados pelos advogados. A verba teria financiado um esquema de lobby e tráfico de influência junto ao governo e aos tribunais de Brasília. De duas, uma: ou há documentos comprovando a prestação dos serviços advocatícios ou o Ministério Público demonstra que quem criminalizou a advocacia foram os criminosos, seguindo velhos costumes e maus hábitos.
Diante desse quadro, há uma pergunta boiando na atmosfera: onde está a faca de Paulo Guedes? Em dezembro de 2018, dias antes de assumir o Ministério da Economia, o Posto Ipiranga fez uma ameaça. Falando para uma plateia de empresários na Federação das Indústrias do Rio, Guedes disse que "o Brasil virou um paraíso de burocratas e piratas privados". Ele perguntou: "A CUT perde e aqui fica tudo igual?" Depois, ameaçou: "Tem que meter a faca no Sistema S também."
Os trabalhadores eram surrupiados em um dia de salário. A reforma trabalhista eliminou essa tunga. O Sistema S morde um percentual das folhas das empresas. Coisa de R$ 17 bilhões por ano. A máquina sindical do patronato continua intacta. Os presidentes de 42 federações patronais estão no cargo há mais de dez anos. Cinco, há mais de 40 anos. Mas a facada de Paulo Guedes ficou no gogó, como tantas outras promessas.
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