Bolsonaro e Guedes fazem jogo de gato e rato
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Já se sabia que Jair Bolsonaro e Paulo Guedes não vinham dançando a mesma música. Falta esclarecer se o presidente deseja acertar o passo ou virar um estorvo na vida do seu ministro da Economia.
No momento, o compromisso de Bolsonaro com agenda liberal de Guedes é um pacto de teor negativo, quase fugitivo. À medida que o governo avança, o presidente vai enumerando os seus mandamentos econômicos. Todos começam com não.
Não privatizar o Banco do Brasil
Não vender a Caixa Econômica
Não tirar dos pobres para dar aos paupérrimos
Não congelar aposentadorias
Não desindexar o salário mínimo
Não bulir com direitos adquiridos de servidores
Não importunar os militares
Não tocar nos privilégios de juízes e procuradores.
Não sonegar verbas ao centrão
O governo está na bica de fazer aniversário de dois anos. Em algum momento Bolsonaro precisa parar de fingir que não conhece os planos de Guedes. Mais: tem de informar o que planeja fazer na economia.
Guedes promete desde a campanha coletar R$ 1 trilhão com a venda de estatais e imóveis públicos. Ficou na garganta. Bolsonaro ora leva o pé à porta, ora faz corpo mole.
O ministro sustenta ser necessário desindexar as despesas do Orçamento (pode me chamar de congelamento de aposentadorias e do salário mínimo). A má repercussão da tunga fez Bolsonaro levar a mão ao cartão vermelho.
O Posto Ipiranga abasteceu o Congresso, no ano passado, com uma proposta de emenda constitucional que corrige uma deficiência da lei do teto de gastos. Fixa "gatilhos" a serem acionados sempre que as despesas roçarem o teto.
Embora Bolsonaro se considere um bom atirador, ele foge dos "gatilhos" de Guedes. Gatilhos que proíbem, por exemplo, reajustes para servidores e criação de cargos.
Em condições normais, desencontros entre chefes da economia e presidentes resultam em curto-circuitos. Num cenário pós-pandêmico, o jogo de gato e rato pode conduzir ao desastre.
No momento, Paulo Guedes trabalha com um olho nas contas públicas e outro na agenda eleitoral do presidente. Num ambiente assim, o problema não é a dificuldade da plateia de reconhecer o grau de comprometimento do presidente com a agenda do seu ministro da Economia, mas a dificuldade de Bolsonaro de demonstrá-lo.
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