Senador da cueca já avacalha o próprio Senado
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Com atraso de quase uma semana, o senador Chico Rodrigues e seus advogados ensaiaram uma tentativa de explicação para os R$ 33 mil que a Polícia Federal apanhou dentro da cueca do parlamentar. Alega-se que o dinheiro se destinava "ao pagamento dos funcionários de uma empresa da família do senador." Sustenta-se que o personagem escondeu os recursos na região das nádegas porque foi alvo de "terrorismo policial" e reagiu de maneira "impensada." Nenhuma palavra sobre a origem dos recursos.
Relator do caso no Supremo, o ministro Luís Roberto Barroso mandou guardar no cofre o vídeo da batida realizada pela Policia Federal sob a cueca do senador. Fez isso, segundo explicou, para evitar a "humilhação pública" do personagem. Agora, os advogados de Chico Rodrigues dizem que seu cliente foi vítima de "terrorismo policial". A PF deveria requerer ao Supremo a exposição do vídeo. As imagens representam um atentado contra a moralidade. Mas o senador não deixa outra alternativa.
As justificativas servem apenas para demonstrar que, sem futuro na política, Chico Rodrigues tenta se reinventar como piada. O senador não se desmoraliza sozinho. Sua crise moral transformou-se num processo de avacalhação do Senado. No seu drama ético, o investigado teve a biografia enganchada num caso de malversação de R$ 20 milhões em fundos da Saúde destinados a combater o coronavírus. E o Senado decidiu frequentar a cena vestindo a cueca endinheirada do senador.
Numa conjuntura política decente, um senador apanhado sujando dinheiro nas nádegas é excluído do Senado que envergonha. Quando isso não acontece, o Senado envergonha o país. Até a semana passada, imaginava-se que o Senado reagiria ao novo escândalo com o velho espírito de corpo. Com o passar dos dias, descobre-se que a maioria dos colegas de Chico Rodrigues deseja evoluir para o espírito de porco. Em vez de punir o transgressor, a cúpula do Senado pede que ele se licencie. Na prática, os senadores se licenciam do dever de demonstrar compromisso com os seus eleitores.
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