Decreto sobre SUS escancara ausência de rumo
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Durou menos de 24 horas o decreto presidencial que colocava unidades do SUS na mira do programa governamental de parceria com a iniciativa privada. Ao editar o decreto que teve de revogar, Jair Bolsonaro se comportou mais ou menos como bombeiro que deflagra um debate sobre regras de combate ao incêndio no meio das chamas, com a mangueira na mão. Dizer que o governo foi inábil é muito pouco para traduzir o que ocorreu. Na verdade, colocar um assunto como esse sobre a mesa no meio da pandemia do coronavírus pode ter levado à morte um tema que é relevante e merecia ser debatido a sério num momento adequado.
Era muito previsível que o decreto produziria ruídos. E o barulho não veio apenas da oposição, mas também do centrão. A pergunta é: para quê? Ao contrário do que ocorre em períodos de calmaria, assessores que têm muitas ideias não são bem-vindos num cenário de adversidade. Há pessoas que se sentem bem ao dar palpites. Na maioria das vezes, agem com a melhor das intenções. Mas, no meio do incêndio, a menos que a ideia se pareça com um extintor, cabe ao presidente descartar.
No caso do debate sobre a gestão privada das unidades básicas de saúde, a ideia veio em má hora por três razões. Primeiro porque, em meio à crise sanitária, o momento é de assegurar que o sistema público de saúde preste a melhor assistência possível à sua clientela. Segundo porque o Ministério da Economia, berço da iniciativa, tem mais o que fazer. Terceiro porque é nula a chance de algo assim ser aprovado no Congresso. Gasta-se tempo e energia com a conversão do que poderia ser um bom debate em barbeiragem.
O Brasil vive uma emergência. Faltam vacina, dinheiro, empregos. A vacinação requer uma coordenação. O que há é balbúrdia. A penúria recomenda atenção com os brasileiros que perderão o auxílio emergencial da pandemia. Ficou para depois da eleição municipal. O desemprego deveria inspirar reformas que restaurassem a confiança do investidor privado. Estão empacadas.
Diante desse quadro, o presidente Jair Bolsonaro e seu principal ministro, Paulo Guedes, acharam que seria uma boa ideia queimar um debate sério sobre a gestão privada de unidades básicas de saúde. Essa iniciativa serviu apenas para expor a falta de rumo.
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