Brasília responde à crise com jogo de empurra
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A pasmaceira que ronda a agenda de reformas do governo não orna com a inquietação dos investidores no Brasil e nas maiores economias do mundo. A debilidade das contas nacionais e o esfoço necessário para colocá-las em ordem recomendam pressa. Mas as autoridades de Brasília gastam mais energia falando sobre os problemas do que enfrentando-os.
Num dia em que o Banco Central teve de despejar US$ 1 bilhão no mercado para segurar a cotação do dólar em notáveis R$ 5,80, o presidente da instituição, Roberto Campos Neto, procurou o comandante da Câmara, Rodrigo Maia. Pediu-lhe que, diante da emergência fiscal, deixasse de lado eventuais diferenças políticas. Tudo em nome da votação das reformas.
Maia comprometeu-se a ajudar. Mas disse que Campos Neto batera na porta errada. Faria melhor se procurasse o Planalto. O deputado repetiu algo que dissera na véspera. Quem está obstruindo as votações na Câmara não é a presidência da Casa, mas o bloco de apoiadores do Planalto. Estava abespinhado com declarações que Paulo Guedes fizera na antevéspera. O ministro da Economia atribuíra a entraves políticos a ausência de privatizações.
Quer dizer: Guedes aponta o dedo para Maia, que responsabiliza Bolsonaro e seus aliados do centrão, que não têm o menor interesse em privatizar estatais cujos cofres sempre lhes sorriram. Diante desse cenário, Bolsonaro vem se revelando capaz de tudo, exceto de presidir uma saída para os impasses que engessam o seu governo.
Guedes fala demais e produz de menos. Bolsonaro irrita-se muito e governa pouco. Seu compromisso com a agenda liberal é uma dúvida. O compromisso do capitão com a agenda liberal do Posto Ipiranga é uma dúvida —ou uma certeza negativa. Sem o apoio do centrão, Maia cospe num prato em que já não pode comer.
Campos Neto observa a conjuntura aturdido com o que está por vir. Sabe que, se os indicadores ficais não forem retirados da Unidade de Terapia Intensiva, quem pagará a conta será o brasileiro.
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