Governo vai tornando a oposição desnecessária
Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail
Considerando-se os movimentos e as declarações das últimas semanas, o governo de Jair Bolsonaro tem um projeto secreto que se sobrepõe a todas as suas iniciativas públicas. A prioridade do governo não é aprovar a agenda liberal de Paulo Guedes. Também não é atenuar os efeitos da crise sanitária. A grande prioridade de Bolsonaro, do vice Hamilton Mourão e da equipe ministerial é tornar os partidos de oposição desnecessários no Brasil. O governo parece determinado a demonstrar que é autossuficiente. Seus integrantes governam e se opõem ao governo.
O fenômeno atingiu o seu ápice com a entrevista do general Mourão à revista Veja. Nela, o vice-presidente disse o contrário de tudo o que vem declarando o presidente. "Essa questão da vacina é briga política com o Doria", disse Mourão. "O governo vai comprar a vacina, lógico que vai. Já colocamos os recursos no Butantan para produzir essa vacina. O governo não vai fugir disso aí."
Num instante em que humilhar militares tornou-se um hábito no governo, Mourão diz em voz alta o que os generais que comandam escrivaninhas no Planalto não podem declarar. Único militar do governo indemissível, o vice-presidente afirma que não hesitará em tomar a vacina chinesa que o presidente refuga, caso ela seja certificada pela Anvisa. E declara que não vê problema em que a gigante tecnológica da China participe do leilão de 5G no Brasil, desde que se comprometa com a "soberania" e a "privacidade". Escancara uma porta que Bolsonaro deseja fechar.
Ao comentar o artigo no qual o general Otávio Rêgo Barros, o ex-porta-voz da Presidência, anota que os compromissos de campanha de Bolsonaro valem tanto quanto uma nota de sete reais, Mourão descolou o governo da caserna. "Forças Armadas são Forças Armadas e política é política". O general não está fazendo senão política. Excluído por Bolsonaro da chapa de 2022, Mourão admite disputar o Senado. Se a conjuntura favorecer, pode ficar mais ambicioso. A sorte do Bolsonaro é que a única novidade que surgiu na oposição é que Lula voltou a conversar com Ciro Gomes.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.