Capitão e Mourão não discutem! Nem se falam...
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Muita gente ficou preocupada com a declaração de Jair Bolsonaro segundo a qual pode ser necessário recorrer às armas para proteger a Amazônia contra as investidas de Joe Biden. "Quando acabar a saliva, tem que ter pólvora", disse o presidente. Há coisa pior.
Como a hipótese de um "país de maricas" declarar guerra aos Estados Unidos só existe como piada, a pólvora que mais preocupa é a que Bolsonaro dispara contra o seu próprio governo. O presidente agora decidiu praticar tiro ao alvo tendo na alça de mira o seu vice, o general Hamilton Mourão.
Ganhou o noticiário um lote de estudos elaborados pelo Conselho de Desenvolvimento da Amazônia, comandado por Mourão. Esses estudos incluem a proposta de expropriar terras de quem comete crime ambiental. Bolsonaro, como de hábito, transformou o cercadinho do Alvorada em plataforma de tiro.
"Ou é mais uma mentira ou alguém deslumbrado do governo resolveu plantar esta notícia", declarou o presidente. "A propriedade privada é sagrada, não existe nenhuma hipótese neste sentido. Se alguém levantar isso aí, eu simplesmente demito do governo. A não ser que esta pessoa seja indemissível." Mourão, eleito na chapa de Bolsonaro, não está ao alcance da caneta do capitão.
Mourão dobrou os joelhos: "É algo que está totalmente fora do contexto. E eu, se fosse o presidente, também estaria extremamente irritado, porque isso é um estudo, é um trabalho que ainda precisa ser finalizado, e que só depois poderia ser submetido à decisão dele."
Há dois dias, Bolsonaro já havia alvejado Mourão. Desautorizou a declaração do vice de que ele esperaria a resolução do "imbróglio" da eleição americana para depois "transmitir os cumprimentos do Brasil a quem for eleito." O presidente encrespou-se: "Eu nunca conversei com o Mourão sobre esse assunto de Estados Unidos. Não tenho falado sobre qualquer outro assunto com ele."
Como se vê, Bolsonaro e Mourão terão um relacionamento duradouro. Embora se desentendam em tudo, eles jamais discutem. Na verdade, os dois já nem se falam. E pensar que ainda terão de se aturar por mais de dois anos.
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