Bolsonaro ampliou o telhado de vidro da Anvisa
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Jair Bolsonaro trata a Anvisa com raro esmero. Faz o pior para a agência certificadora de medicamentos da melhor maneira possível. Escolheu um militar para substituir uma farmacêutica na diretoria do órgão.
Em dezembro deixará a Agência Nacional de Vigilância Sanitária a diretora Alessandra Bastos Soares. Ela é farmacêutica. Para preencher a vaga, Bolsonaro indicou um defensor de suas posições na área da saúde, o tenente-coronel da reserva Jorge Luiz Kormann.
Reza a lei que, para ocupar uma cadeira na direção da Anvisa, o escolhido deve ostentar notório conhecimento na área e formação acadêmica compatível com o cargo. Precisa ter ralado por dez anos no campo de atividade da agência. Ou ter ocupado um cargo de confiança de alto escalão no setor público por quatro anos.
O preferido de Bolsonaro exibe no currículo uma passagem por um hospital militar de Porto Alegre. Foi assessor de gestão e planejamento. Chegou ao Ministério da Saúde na fase pós-Mandetta. Desde maio, ocupa a poltrona de secretário-executivo adjunto da pasta. Parece pouco. E é muito pouco.
A indicação de Bolsonaro precisa ser avalizada pelo Senado. Se a Casa tivesse juízo, refugaria o nome. Mas bom senso é material mal distribuído. E não há muito no Congresso.
Jorge Kormann é o segundo militar que Bolsonaro empurra para dentro da Anvisa. O primeiro, o contra-almirante Antonio Barra Torres, comanda a agência. Foi aprovado gostosamente pelos senadores, a despeito de ter participado em 15 de março, a tiracolo de Bolsonaro, de aglomeração na qual a multidão reivindicava o fechamento do Congresso e do Judiciário.
Bolsonaro amplia o telhado de vidro da Anvisa num instante em que a agência se equipa —ou deveria se equipar para certificar vacinas contra a Covid-19.
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