Bolsonaro substitui gripezinha pela conversinha
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Um acerto, uma vez acertado, raramente pode ser melhorado. Mas Bolsonaro demonstra que um erro tem sempre a possibilidade de ser mais errado. "E agora tem essa conversinha de segunda onda", disse ele, tratando novamente no diminutivo a maior crise sanitária desde a gripe espanhola. A "conversinha" a que se refere o presidente consta de levantamento feito pela Fiocruz.
Manuseando dados colecionados pelo Ministério da Saúde, cientistas da Fiocruz detectaram uma elevação atípica no nível de contágio por coronavírus em oito municípios do Norte e do Nordeste, além da cidade catarinense de Florianópolis. A constatação chega num momento em que a Europa está às voltas com uma segunda onda e os Estados Unidos ouvem sinais de alarme.
O Brasil ainda nem teve tempo de comemorar a redução no ritmo das mortes. O que preocupa é a hipótese de que o país, antes de padecer uma segunda onda, possa ser submetido à mesma primeira onda, só que hipertrofiada. E Bolsonaro troca "gripezinha por conversinha". Antes, o presidente afirmara que, diante de uma segunda onda, bastaria "fazer tratamento precoce" com medicamentos indicados para outras moléstias, mas que também servem para Covid. De novo a hidroxicloroquina.
Noutra manifestação, Bolsonaro dissera que é preciso enfrentar o vírus de peito aberto: "Tem que deixar de ser um país de maricas". Uma reedição do discurso de março, quando o presidente disse que o brasileiro deveria enfrentar o vírus como "homem, não como moleque."
Bolsonaro não aprendeu nada com os reflexos do negacionismo na derrota do seu ídolo Donald Trump nos Estados Unidos. Também não recolhe ensinamentos do favoritismo dos prefeitos da política do "fique em casa" na eleição municipal brasileira. É como se o presidente estivesse decidido a provar que é errando que se aprende... A errar.
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