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Josias de Souza

Em 2º turno curto, língua tem de ser fita métrica

Colunista do UOL

20/11/2020 01h51

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De acordo com o Datafolha, 16 pontos percentuais separam o líder Bruno Covas do desafiante Guilherme Boulos —58% a 42%, numa conta que inclui apenas os votos válidos. O prefeito tucano é favorito. Mas o jogo ainda não está jogado.

O tira-teima ocorrerá em nove dias. Num segundo turno assim, tão curto, um tropeço verbal pode ser letal. Os candidatos têm de trazer dentro da boca fitas métricas, não línguas. Convém medir as palavras.

A disputa entrou na fase do mata-mata. Cada lance ganha ares de confronto final. Embora a decisão esteja marcada para 29 de novembro, parte do eleitorado ainda exibe certezas movediças.

Entre os eleitores de Covas, 18% admitem mudar o voto. Entre os que optam por Boulos, 17% cogitam trocar de canoa. Como só há dois candidatos em cena, os votos perdidos por um escorregam para o cesto do outro.

Assim, um grande tropeço de Boulos consolidaria a vitória do rival. Do mesmo modo, um escorregão de Covas poderia render ao seu adversário uma virada épica. De resto, 21% dos que dizem votar em branco ou nulo admitem mudar de ideia.

A tarefa é mais complicada para Boulos. O candidato do PSOL já arrastou para o seu lado um volume de intenções de voto compatível com o que a esquerda costuma amealhar em São Paulo.

Para crescer rumo ao centro, Boulos teria de suavizar o discurso. Mas não parece disposto a reencarnar um Fernando Haddad. Ou uma Marta Suplicy. A ex-prefeita, aliás, está fechada com Covas.

Os primeiros embates —na tevê e fora dela— ainda não produziram tropeções irreversíveis. Melhor para Covas, que já notou que as horas mais preciosas são as mais rápidas. Pior para Boulos, que precisa cuidar dos minutos, porque as horas passam.