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Josias de Souza

Turma do grupo de risco se arriscará por Covas?

Antônio Molina/Zimel Press/Estadão Conteúdo e Alice Vergueiro/Estadão Conteúdo
Imagem: Antônio Molina/Zimel Press/Estadão Conteúdo e Alice Vergueiro/Estadão Conteúdo

Colunista do UOL

25/11/2020 04h12

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O crescimento de Guilherme Boulos no Datafolha empurrou Bruno Covas para uma situação paradoxal: como prefeito, notabilizou-se por defender o isolamento social. Candidato à reeleição, precisa que o grupo de risco desafie o coronavírus, comparecendo às urnas. Reclusos, os idosos ajudam Boulos.

No primeiro turno, a taxa de abstenção foi de 29,3%. Bem mais alta do que o índice de 21,84% anotado na eleição municipal de 2016. O prestígio de Covas cresce junto com a idade do eleitorado. Entre os maiores de 60 anos, que representam 22% do eleitorado, o prefeito prevalece sobre Boulos por 73% a 27%.

Na reta final de uma disputa marcada pelo suspense, se Deus intimasse os idosos paulistanos a optarem entre ficar em casa e sair para votar, Covas talvez os aconselhasse a dar a seguinte e fulminante resposta: "Dane-se o isolamento." E, com isso, ficaria claro que, para o prefeito, só o voto existe. O resto é paisagem.

A dianteira de Covas (PSDB) sobre Boulos (PSOL), que era de 16 pontos percentuais, encurtou-se para dez pontos —55% a 45%, na conta que inclui apenas os votos válidos. Não é que o prefeito tenha caído. A questão é que seu rival seduziu em maior número eleitores que flertavam com o voto branco ou nulo.

Embora esteja com as plumas eriçadas, o tucanato crê que, a quatro dias da eleição, uma virada épica de Boulos é improvável. Mas a melhor vacina contra uma crença é o ceticismo. Daí a torcida inconfessada do prefeito e dos seus correligionários para que a turma do grupo de risco corra riscos.