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Josias de Souza

Pesquisas levam dramaticidade ao debate final

Bruno Rocha/Fotoarena/Estadão Conteúdo
Imagem: Bruno Rocha/Fotoarena/Estadão Conteúdo

Colunista do UOL

27/11/2020 02h55

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Caiu de 16 para oito pontos percentuais a vantagem que separava Bruno Covas de Guilherme Boulos no início do segundo round da briga pela prefeitura de São Paulo. Em votos válidos, o placar mais recente do Datafolha é de 54% a 46%, com margem de erro de três pontos. A poucas horas do encontro do eleitorado com as urnas, esse cenário eletrifica a disputa. E injeta dramaticidade no último debate, a ser transmitido na noite desta sexta-feira pela TV Globo. Escorregões podem custar caro.

O debate valorizará o enfrentamento entre os contendores. Dos três blocos, o primeiro e o último serão dedicados ao embate direto. Covas e Boulos farão perguntas um ao outro, com liberdade para escolher o tema. No bloco do meio, discorrerão sobre assuntos escolhidos pelo mediador por sorteio. A coisa vai ao ar em horário nobre, nas pegadas da novela. Será a última oportunidade para fisgar —ou perder— eleitores.

Nesta reta final, Covas e Boulos passaram a dividir o palco com dois protagonistas decisivos: o vírus e a abstenção, que pode crescer na proporção direta do medo do eleitor de ser infectado na zona eleitoral. No primeiro turno, a taxa de abstenção foi de 29,3%. Um recorde. O receio é maior no comitê de Covas, preferido do eleitorado com mais de 60 anos, do grupo de risco da Covid.

Depois de se fazer notar como prefeito por pregar o respeito a regras de isolamento social, Covas precisa que seu eleitor mais velho corra riscos. Refém desse desejo, o prefeito fala sobre o crescimento da curva de contágio do coronavírus em timbre dúbio. A dubiedade é potencializada pela decisão do aliado João Doria de retardar para segunda-feira o anúncio de medidas restritivas encomendadas pelo comitê gestor da pandemia no estado de São Paulo.

Boulos enxergou na tergiversação dos tucanos uma espécie de calcanhar de vidro. E dedica-se a apontá-lo. Voltará à carga no debate da Globo. Covas deve realçar a "inexperiência" administrativa e o "radicalismo" ideológico do rival. Ambos miram sobretudo o pedaço do eleitorado que ainda cogita mudar o voto: 15%, segundo o Datafolha. Desse total, 19% declaram que poderiam migrar para Boulos. Outros 17% consideram a hipótese de pular para a canoa de Covas. Numa disputa assim, marcada pelo suspense, a urna não costuma perdoar erros.