Disputa pela presidência da Câmara cheira mal
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O penúltimo presidente da Câmara, Eduardo Cunha, foi transferido da terceira poltrona na linha de sucessão da República para a cadeia. O atual presidente da Casa, Rodrigo Maia, é protagonista de inquéritos nos quais é acusado de receber dinheiro da Odebrecht e da OAS por baixo da mesa.
Em fevereiro, a Câmara terá de eleger um presidente. Há 513 deputados em Brasília. E quem frequenta as manchetes como principal alternativa a Maia é Arthur Lira. Ele disputa o comando da Câmara com o apoio de Jair Bolsonaro.
Há nove dias, a Primeira Turma do Supremo negou recurso para interromper ação penal que corre contra Lira. Ele foi mantido como réu num processo em que é acusado de receber propinas de R$ 106 mil. É réu também noutra ação penal, batizada de "quadrilhão do PP".
Descobre-se agora, por meio de notícia do Estadão, que o aspirante a presidente da Câmara responde civil e penalmente por um esquema de rachadinha que desviou dos cofres da Assembleia Legislativa de Alagoas, entre 2001 e 2007, R$ 257 milhões.
Pela conta bancária de Lira passaram R$ 9,5 milhões em verbas desviadas na época em que ele dava expediente como deputado estadual em Alagoas.
O caso da rachadinha alagoana foi denunciado em 2018 pelo Ministério Público. Virou ação penal, que ainda não foi julgada. A encrenca produziu também uma ação por improbidade administrse processo, o deputado já foi condenado. A sentença foi confirmada em segunda instância. Mas o condenado disputa a presidência da Câmara como se nada tivesse sido descoberto sobre ele.
Se a Lava Jato serviu para alguma coisa foi para mostrar que o sistema político brasileiro não protelou os seus crimes. Apenas se esforça para protelar as suas culpas. Não há inocentes no palco, só culpados e cúmplices.
Escândalos continuam vindo à tona em ritmo epidêmico. O que ajuda a explicar o por quê de o Brasil ter virado o mais antigo país do futuro de todo o mundo.
Imaginou-se que o esforço de seis anos para combater a corrupção epidêmica conduziria o Brasil a uma Renascença. Mas voltamos gradativamente à Idade Média, uma época em que o inaceitável volta a ser "normal", o inacreditável volta a ser "natural".
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