Bolsonaro consolida casamento com o centrão
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Jair Bolsonaro é um político atípico. Ele costuma dizer em voz alta, sob holofotes, o que outros apenas sussurram longe dos refletores. Nesta quarta-feira, após se reunir com deputados do PSL, seu antigo partido, o presidente declarou explicitamente qual foi o propósito da conversa. "Vamos, se Deus quiser, participar e influir", ele afirmou, referindo-se à disputa pela Presidência da Câmara. Todos os presidentes tentam emplacar aliados no comando do Legislativo. A diferença é que Bolsonaro não esconde as digitais.
Não são negligenciáveis as chances de que o deputado Arthur Lira, preferido de Bolsonaro, prevaleça sobre o cacique do MDB Baleia Rossi, apoiado por Rodrigo Maia. Presidente da Câmara apenas até segunda-feira, Maia adota um comportamento que denuncia a fragilidade do seu pupilo. Em telefonema ao articulador político do Planalto, general Luís Eduardo Ramos, Maia queixou-se da interferência do governo. Não teria reclamado se o deputado Baleia não estivesse sob risco de encalhar na praia.
Avalizado pelo Planalto, Arthur Lira frequenta a disputa munido de dois argumentos muito sedutores no Congresso: cargos e verbas. Abriu uma fenda no bloco de apoio do rival. Arrastou para o seu lado inclusive dissidentes do próprio DEM, o partido de Rodrigo Maia. Seja qual for o resultado, essa briga eleva a um novo patamar o relacionamento político de Bolsonaro com o centrão. O namoro virou casamento.
Há nas gavetas da Câmara quase seis dezenas de pedidos de impeachment. Bolsonaro enxerga na ascensão de Arthur Lira uma vacina capaz de imunizar o seu mandato. A blindagem terá um preço. Vem aí uma reforma ministerial. O ministro Paulo Guedes, da Economia, rala para levar ao balcão um lote de reformas econômicas. Sem negociação, o governo não sai do lugar. Mas é preciso que se esclareça o que o centrão deseja tomar e, sobretudo, o que Bolsonaro se dispõe a dar.
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