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Josias de Souza

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Eduardo Pazuello tornou-se um ministro sitiado

Colunista do UOL

13/02/2021 03h58

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O general Eduardo Pazuello enfrenta algo muito parecido com um cerco. Desafiado pelo coronavírus, investigado pelo Supremo Tribunal Federal e questionado pelo Tribunal de Contas da União, o ministro da Saúde passou a conviver com o risco de ser arrastado para uma Comissão Parlamentar de Inquérito. O pedido de CPI para apurar ações e omissões do governo na pandemia já foi protocolado no Senado. Esperava-se que a exposição de Pazuello no plenário da Casa esvaziasse o requerimento. Deu-se o contrário.

Para que uma CPI seja aberta, é necessário o apoio de pelo menos 27 senadores. Antes da passagem de Pazuello pelo Senado, na quinta-feira, havia 31 assinaturas no requerimento. Agora, o pedido de CPI conta com a adesão de 32 senadores. Em articulação subterrânea, o Planalto tenta retirar rubricas do documento. Terá de convencer pelo menos seis dos 32 signatários, além de rezar para que não ocorra nenhuma nova adesão à CPI.

Eleito presidente do Senado com o apoio de Jair Bolsonaro e com votos de legendas da oposição, Rodrigo Pacheco está espremido entre os dois blocos. Retarda a leitura do pedido de CPI no plenário para dar corda às articulações do governo. Mas é cobrado pelos oposicionistas a tomar sua decisão até a próxima quinta-feira. Do contrário, os partidários da CPI recorrerão ao Supremo.

A eventual abertura de uma CPI do vírus pode ser supérflua, dispersiva ou explosiva. Será supérflua se forçar portas já arrombadas pela Polícia Federal na investigação aberta por ordem do Supremo. Será dispersiva se consumir as energias de autoridades que deveriam se concentrar na crise sanitária. A CPI será explosiva no instante em que virar uma trincheira em que Pazuello tende a ser visto apenas uma escala no plano de logística concebido para atravessar uma investigação parlamentar no caminho de Bolsonaro.