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Sem união, Brasil potencializa o caos sanitário
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A pandemia impôs ao Brasil dois grandes problemas: a escassez de vacinas e a contagem dos cadáveres que se avolumam enquanto não chegam as doses que faltam para atingir o estágio da imunização coletiva. Diante da necessidade de retardar as mortes até que as seringas alcancem todos os braços a serem vacinados, o país tenta seguir procedimentos adotados ao redor do mundo. Entre eles o uso de máscaras, a higienização das mãos e, sempre que possível, o isolamento social.
No Brasil, a aquisição de vacinas ocorreu tardiamente e os paliativos sanitários foram aplicados sem método. O resultado é uma tragédia que a quantidade de mortos —mais de 300 mil— tornou inquestionável. Num esforço para atenuar o flagelo, criou-se na semana passada um comitê anticovid. Reúne Bolsonaro, os presidentes do Senado e da Câmara e o ministro da Saúde. Reuniram-se nesta quarta-feira. Ao final, forneceram ao país mensagens desencontradas.
Bolsonaro reiterou sua aversão às medidas restritivas adotadas por governadores e prefeitos. Defendeu a volta a uma hipotética normalidade. Marcelo Queiroga, o quarto ministro da Saúde, escalou o muro. Disse que "medidas extremas nunca são bem vistas", mas recomendou o "distanciamento". Rodrigo Pacheco, presidente do Senado, defendeu as medidas que o governo hesita em apoiar. Realçou a importância da "uniformização do discurso".
Pacheco pronunciou algo muito parecido com um vaticínio. O Brasil, segundo o comandante do Senado, só tem dois caminhos a seguir: a união ou o caos. O comentário chega num instante em que crescem as filas nas UTIs. Acentua-se o drama da falta de oxigênio e de sedativos para a intubação de pacientes que sobrevivem à fila. Os cemitérios são forçados a realizar expediente noturno para dar conta do sepultamento dos mais de 3 mil mortos que a covid produz diariamente. Ou seja: a união de que falam as autoridades de Brasília tornou-se uma utopia. Mas o caos já é uma realidade bastante palpável.
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